sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

O POETA É UMA ÁRVORE

Há alguns anos, de repente, não mais que de repente (como diria o Poetinha carioca), nasceu, no meu quintal, uma árvore que, logo logo, se tornou frondosa e florida. Jamais soube seu nome; apostei que fosse "Pau-Brasil" e sonhei que seria um Cedro-do-Líbano, justamente minhas duas Pátrias. Ninguém jamais conseguiu dizer-me o nome daquela árvore, que permanece anônima ou um signo sem significante. Ela é absoluta, a única árvore do meu quintal, ao contrário do meu jardim que tem palmeiras, flamboyants, amendoeiras.
Este ano, influenciado por algumas pessoas, quis instalar uma antena de tv, que captura 200 canais. O pessoal da instalação veio aqui, mas nada conseguia; foi-me dito que a culpa era da árvore do meu quintal, que impedia o sinal; resolveu-se, então, contra a minha vontade, podar bem minha árvore soberana. De nada adiantou. Resolvi não mais ter canais de tv e usar o televisor apenas para assistir aos meus "dvd's".
A cada vez que eu olhava meu quintal, sentia um travo. Mas, de novo, de repente, não mais que de repente, minha árvore única brotou, brotou intensamente, brotou como o sol de verão. Com ela me comunico com a vida perene.

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