quarta-feira, 30 de junho de 2010

INSTINTIVA FELICIDADE

Ao Guto, meu cão, nem preciso perguntar se é feliz, porque, se sente frio ( e ele é muito friorento), põe-se ao sol; quando está com calor, enrola-se na terra; se tem vontade de sair à rua para namorar Cicciolina, vai até ao portão e corre; pouco tempo depois, ele volta, anunciando-se ao portão. Guto tem o olhar mais doce dos mortais e seu emaranhado de pêlos doirados, com a crista parafinada, luz espetacularmente, demonstrando uma felicidade que não se explica. Lembro-me de um poema de Fernando Pessoa, que diz não constar que Jesus tenha tido biblioteca. Guto passeia por minha-casa-biblioteca e nem se dá ao desfrute de perguntar a que servem tantos livros. Ele tem a sabedoria do instinto e usufrui uma felicidade animal.

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