sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

ROSEANA MURRAY: POEMA PARA BERTHA KINGLERMAN

POEMA PARA BERTHA



Mãe, a sua vida, você diz,

daria um livro,

desde o primeiro ponto na longa costura,

você veio de tão longe e seu corpo miúdo

entrou tão fundo no coração de todos,

cavando a terra, cortando galhos, semeando,

bordando flores em infinitas tapeçarias,

suas mãos sempre em movimento,

como se dançassem sozinhas,

Você arrumava e desarrumava casas,

por onde passava você era um vento novo,

um sopro, um redemoinho,

nas suas mãos os panos eram vivos,

bastava o seu olhar e viravam

os mais loucos vestidos.

Por onde passava você ia fabricando amigos.



Agora, como ciranda mágica, à sua volta,

filhos e filhas, irmãs, sobrinhos,

netos e netas, bisneto, livros e flores,

os que já se foram, os que ainda virão

e todas as estrelas do firmamento.

Nenhum comentário:

Postar um comentário