domingo, 2 de maio de 2010

TERRY EAGLETON, TEORIA DA LITERATURA

"Escrever parece ser um ato que me rouba de meu ser: é um modo de comunicação alternativo, uma transcrição pálida e mecânica da fala e, portanto, sempre a uma certa distância da minha consciência. É por isso que a tradição filosófica ocidental, de Platão a Lévi-Strauss, sempre criticou a escrita como uma forma de expressão sem vida, alienada, e sempre elogiou a voz viva. Atrás desse preconceito está uma visão específica do 'homem': o homem é capaz de criar espontaneamente e de expressar suas próprias significações, de estar em plena posse de si mesmo, e de dominar a linguagem como um veículo transparente de seu ser mais íntimo. O que essa teoria não percebe é que a 'voz viva' é, na verdade, tão material quanto a palavra impressa; e já que os signos falados , da mesma maneira que os escritos, só funcionam por um processo de diferenciação e divisão, a fala pode ser considerada uma forma de escrita, tanto quanto se pode dizer que a escrita é uma fala alternativa". Tradução Waltensir Dutra, p. 141.

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