segunda-feira, 18 de maio de 2009

A RODA DE LEITURA ROSEANA MURRAY

A RODA DE LEITURA IMAGINÁRIA


Desde que a escritora Roseana Murray reinaugurou, em sua casa à beira-mar de Saquarema, dia 26 de abril de 2008, sua Roda de Leitura, tenho sido participante contumaz, assumindo, inclusive, por conta e risco próprios, o papel de cronista do evento, o que me valeu o honroso título de escriba. À 10ª. Roda de Leitura, ocorrida em 13 de maio deste ano, não pude, porém, comparecer, dado que faria palestra, justamente naquela semana, em congresso internacional, realizado na Universidade Estadual de Manaus/UEA.
Como nas edições anteriores, Roseana informou-me sobre o conto que apresentaria, convocando os participantes a uma leitura: “O fantasma de Canterville”, do escritor irlandês Oscar Wilde (1854-1900). Bom aluno que sempre fui, fui correndo buscar, em minha labiríntica biblioteca, o conto que não conhecia do escritor que leio desde 1987, quando comecei a conhecer e a amar intensamente em meu mestrado em Teoria Literária na UFRJ. Adorei o conto, sobretudo pelo embate entre o positivismo, o pragmatismo, o cientificismo e a magia, criada pelo texto literário; no entanto, considerei muito longo o conto a ser explorado em uma breve manhã literária. Em conversas posteriores, nossa escritora anunciou-me que mudara de conto, mas não de autor: leria o conto “O príncipe feliz”. Fiz questão de imprimir o original inglês desse magnífico conto, que li no lugar mais adequado: a Praia da Vila. Comecei, então, a elucubrar sobre as leituras que professores e alunos saquaremenses operariam do texto wildeano. Poucos contos têm tanto a ver com a vida e a felicidade de se viver em Saquarema e seriam todos os presentes tocados, com certeza, profundamente.
Na mágica Manaus, eu imaginava aquela Roda de Leitura, de que não participava literalmente. Sabia que o ritmo seria o mesmo: a anfitriã, com indumentária de maga, em pé ao centro da roda de jovens e adultos, inauguraria o evento com leitura de jornal sobre a importância essencial da leitura. Depois, leria, com voz pausada e dramática, o conto eleito, ouvindo, em seguida, os comentários dos presentes. Alguns declamariam poemas, de sua autoria ou de outrem. Ao final, seriam oferecidos uns quitutes e uns cafés, chocolates e sucos, gostosamente feitos por Wanda, a secretária impecável.Tudo perfeito, como prescreve o ritual mensal das Rodas de Leitura Roseana Murray.
Eu estava em Manaus e sonhava com essa tertúlia saquaremense. Às 8h20, peguei meu celular e disquei para o celular da Roseana, que estava desligado; liguei, então, para o seu telefone convencional, em que fui atendido por Juan, informando-me que sua esposa estava em plena Roda. Desculpei-me por haver-me equivocado quanto ao fuso horário, dado que no Amazonas há uma hora de diferença com relação ao Sudeste (eta Brasil lindamente imenso!). Contudo, Juan, elegantíssimo como sempre, passou o telefone à sua Roseana, a quem eu disse estar meu coração presente naquele círculo de poesia. Ela me ouviu afetuosamente e me fez ouvir um prazeroso barulho de palmas, que eclodiram de Saquarema a Manaus. Tantos calorosos aplausos testemunhavam a beleza de um evento, que congrega pessoas de excelente vontade em torno da Poesia, para a qual não há distâncias nem de espaço nem de tempo.
Chorei de novo as lágrimas de felicidade que vertera na Praia da Vila, quando lia, sozinho face às nossas ondas, o conto “O príncipe feliz”.

Um comentário:

  1. Que maravilha deve ter sido esse encontro!
    Parabéns pelo blog. Gostei muito! Abraço

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