sábado, 12 de dezembro de 2009

ORLANDO, DE VIRGINIA WOOLF, TRADUZIDO EM FILME

Ontem, depois de muito tempo, voltei a ver, em meu "cine privé", meus filmes. Abri a caixa recém-comprada no Paço Imperial, no Rio: "Orlando" (1993), dirigido por Sally Porter, com Tilda Swinton, Billy Zane et alii. Revi, depois de mais de duas décadas, o romance ("Orlando, a biography", de 1928, mesmo ano do protéico "Macunaíma", do nosso Mário de Andrade), que estudei, fervorosamente, durante meu mestrado em teoria literária na UFRJ. Lembrei-me, também, do filme "As horas", sobre a escritora inglesa, de que não gostei por ser muito sombrio e calcado na depressão que levou Virginia Woolf ao suicídio. Como um livro com imagens móveis, "Orlando" divide-se, mais do que em cenas, em capítulos: "Morte", "Amor", "Sociedade", "Política", "Sexo", "Nascimento", perfazendo um ciclo, que começa, paradoxalmente, com a morte e termina com o nascimento da filha da personagem principal e da publicação de um livro ("Orlando"?). Este filme, my goddess, é um deslumbramento absoluto, devido, não só à sublime fotografia, à música avassaladora, como, sobretudo, à soberba interpretação de Tilda Swinton, que é Orlando em suas mutações sexuais e temporais por 350 anos de vida. O filme estende até aos anos 90 a vida de Orlando. Confirma, assim, sua eternidade de obra de arte, literária e fílmica, bem de acordo com a ordem de Elizabeth I ao protagonista: "Do not fade. Do not wither. Do not grow old." Será Orlando um Dorian Gray "après la lettre" e dotado de humor quixotesco e com final feliz na ambiguidade da vida secular.

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