quinta-feira, 31 de dezembro de 2009

PROFA. SÔNIA MACIEL

Amadíssimo

Apesar de muita gente acreditar que a virada do ano serve para pedir, pedir, pedir..., eu quero agradecer muito por ter o privilégio de passar mais este ano usufruindo de sua companhia. Meu único pedido é que eu possa continuar bebendo do seu nectar de generosidade e afeto. Apesar de não mais nos encontrarmos às segundas-feiras, sua presença será constante, mesmo em pensamento.
Obrigada por você existir e ter passado em minha vida. Continue podendo tudo o que quiser. Que o novo ano lhe traga mais alegria e mais realizações.
Muita saúde, muita paz e que Oxalá te abençoe.
Feliz Ano Novo!!!!!

BRANCURA

Nesta véspera de Ano Novo, meu quintal, com tantas roupas brancas no varal, transformou-se num verdadeiro simulacro de terreiro de Umbanda.

Dr. HÉLIO NICOLETTI

Querido Mestre,
A oração caipira não poderia ser mais adequada que no último dia do ano. Esses mineiros são mesmo maravilhosos na arte da escrita, das idéias e na criatividade a começar pelo inteligentíssimo e querido Amigo Latuf.Que Deus o proteja sempre e que V. tenha sempre a felicidade que tanto merece.
Beijo saudoso. Hélio

TROCADILHO INFAME

Soccer, sucker.

CONTRA GEORGE BATAILLE

Mas a vida literária é um gozo sem dispêndio.

quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

PROUST E O ANO NOVO

"Voltei para casa. Acabava de viver o Primeiro do Ano dos homens velhos, que distinguem esse dia dos outros, não porque já não lhes dêem boas-festas, mas porque não acreditam mais no Ano Novo. Eu ganhei boas-festas, sim,(...). E no entretanto eu ainda era jovem, pois escrevera uma carta com a qual esperava, contando os sonhos solitários da minha ternura, inspirar sonhos semelhantes. A tristeza dos homens que envelheceram consiste em nem ao menos pensar em escrever tais cartas, porque já sabe que são inúteis."

HINOS NACIONAIS

Em minhas elucubrações, resolvi reinventar os hinos nacionais de alguns países, dando-lhes o verdadeiro sentido de canção popular:

Brasil: "Aquarela do Brasil".
Argentina: "La cumparsita".
Itália: "O sole mio".
França: "La vie en rose".
Espanha: "Granada".
Rússia: "Olhos negros".
Israel: "Ava, naguila ava".
USA: "As time goes by".
Peru: "Babalu".
Chile: "Vamos a la playa".
Portugal: "Lisboa, velha cidade".
México: "Cielito lindo".
Alemanha: A Nona Sinfonia de Beethoven.
Inglaterra: "O fantasma da ópera".
Egito: Toda Om Kalsum.
Líbano: Toda Fairuz.

O ANIVERSÁRIO DE ROSEANA MURRAY

Datas são datas e devem ser celebradas, não se obedecendo a um calendário religioso ou mercantil, mas ao verdadeiro calendário do coração. Tomei a decisão de comemorar três aniversários com os respectivos aniversariantes: o de Cláudia Damasceno, o de Luiz Gasparelli e o de Roseana. Este ano, eu havia comprado, para o dia 31 de dezembro, minha passagem de volta de BH, aonde fui festejar, com meus irmãos, sobrinhos e sobrinhos-netos, o Natal. Pensando bem, resolvi antecipar minha volta a Saquarema, justamente para estar com a Roseana no dia do seu aniversário. A princípio, ela, por estar vivendo um momento muito difícil, face à doença de sua amorosa mãe, não faria festa alguma. O Juan, seu marido, e eu a convencemos de que os amigos merecem festejá-la, todo dia e, principalmente, cada 27 de dezembro. Escondi dela, o quanto pude, meu retorno antecipado das Minas Gerais; mas, ao fim e ao cabo, não resisti à sua curiosidade e confessei-lhe que chegaria a tempo de almoçar com ela. Tem imensas e raras virtudes a minha Amiga; para além de uma quase ímpar generosidade e sedutor brilho de inteligência, sabe, como poucas pessoas, ser anfitriã, oferecendo a seus convidados, com requinte próprio, o que tem de melhor. Sou freqüentador assíduo do lar Arias-Murray e não fico constrangido de, até, sugerir, muitas vezes, um convite a mim. É que não gosto de incomodar; porém, amigo, a meu ver, tem que se ver. Invento pretextos, como, por exemplo, uma consultoria, e lá estou eu, naquela mansão marítima, tendo dedos de prosa e poesia.
Foi em "petit comité" a festa de aniversário de Roseana Murray. Veio de Teresópolis, com sua dimensão eufórica única, a irmã, a ceramista Evelyn Kligerman. A "pièce de résistance" do lauto almoço foi uma "paella sevillana", feita pelo granadino Juan. Aliás, lembro-me sempre de que a primeira vez em que fui à casa deles, lá estava o Juan elaborando uma "paella"; não me sai da memória a cena de um "chef", sorrindo ao misturar azafrão, frutos do mar e quejandos. Para acompanhar o supimpa e sublime prato, libamos champagne "Moët et Chandon"; a sobremesa foi um creme de mamão, com sorvete e cassis. Um cafezinho bem familiar arrematou o banquete íntimo. Em lindas fotos, Evelyn registrou cenas de um aniversário poético. A memória grava, para sempre, momentos de pura felicidade e alegria indelével.

VISÃO

Juro, por todos os deuses, que vi, ontem, aqui em Saquarema,Tadzio em carne, osso e divindade nórdica. Ele nadava, alheio a tudo e a todos, não no mar em frente ao Hotel Maasai, mas na piscina, não só porque é um protagonista pós-moderno, como por não suportar o sol ardente do verão de Itaúna, que não tem nada a ver com o sol manso de Veneza. Ousei iniciar uma conversa com ele, fazendo-lhe perguntas-chichê. Soube, então, que é sueco, tem dezesseis anos e se chama Philipp. Escritor, vivo a vida em Saquarema e ficcionalizo a própria ficção, batizando-a com nomes reais, próprios para quem mistura sonho e realidade.

domingo, 20 de dezembro de 2009

BRASIL LITERÁRIO, POR BARTOLOMEU CAMPOS DE QUEIROZ

Belo Horizonte, 8 de dezembro de 2009


Adriana,

Hoje, me vi pensando como seria viver em um país de leitores literários. Pode ser apenas um sonho, mas estaríamos em um lugar em que a tolerância seria melhor exercida. Praticar a tolerância é abrigar, com respeito, as divergências, atitude só viável quando estamos em liberdade. Desconfio que, com tolerância, conviver com as diferenças torna-se em encantamento. A escrita literária se configura quando o escritor rompe com o cotidiano da linguagem e deixa vir à tona toda sua diferença – e sem preconceitos. São antigas as questões que nos afligem: é o medo da morte, do abandono, da perda, do desencontro, da solidão, desejo de amar e ser amado. E, nas pausas estabelecidas entre essas nossas faltas, carregamos grande vocação para a felicidade. O texto literário não nasce desacompanhado destes incômodos que suportamos vida afora. Mas temos o desejo de tratá-los com a elegância que a dignidade da consciência nos confere.

A leitura literária, a mim me parece, promove em nós um desejo delicado de ver democratizada a razão. Passamos a escutar e compreender que o singular de cada um – homens e mulheres – é que determina sua forma de relação. Todo sujeito guarda bem dentro de si um outro mundo possível. Pela leitura literária esse anseio ganha corpo. É com esse universo secreto que a palavra literária quer travar a sua conversa. O texto literário nos chega sempre vestido de novas vestes para inaugurar este diálogo, e, ainda que sobre truncadas escolhas, também com muitas aberturas para diversas reflexões. E tudo a literatura realiza, de maneira intransferível, e segundo a experiência pessoal de cada leitor. Isto se faz claro quando diante de um texto nos confidenciamos: "ele falou antes de mim", ou "ele adivinhou o que eu queria dizer".

Adriana, o texto literário não ignora a metáfora. Reconhece sua força e possibilidade de acolher as diferenças. As metáforas tanto velam o que o autor tem a dizer como revelam os leitores diante de si mesmo. Duas faces tem, pois, a palavra literária e são elas que permitem ao leitor uma escolha. No texto literário autor e leitor se somam e uma terceira obra, que jamais será editada, se manifesta. A literatura, por dar a voz ao leitor, concorre para a sua autonomia. Outorga-lhe o direito de escolher o seu próprio destino. Por ser assim, Adriana, a leitura literária cria uma relação de delicadeza entre homens e mulheres.

Uma sociedade delicada luta pela igualdade dos direitos, repudia as injustiças, despreza os privilégios, rejeita a corrupção, confirma a liberdade como um direito que nascemos com ele. Para tanto, a literatura propõe novos discernimentos, opções mais críticas, alternativas criativas e confia no nosso poder de reinvenção. Pela leitura conferimos que a criatividade é inerente a todos nós. Pela leitura literária nos descobrimos capazes também de sonhar com outras realidades. Daí, compreender, com lucidez, que a metáfora, tão recorrente nos textos literários, é também uma figura política.

Quando pensamos, Adriana, em um Brasil Literário é por reconhecer o poder da literatura e sua função sensibilizadora e alteradora. Mas é preciso tomar cuidados. Numa sociedade consumista e sedutora, muitos são leitores para consumo externo. Lêem para garantir o poder, fazem da leitura um objeto de sedução. É preciso pensar o Brasil Literário com aquele leitor capaz de abrir-se para que a palavra literária se torne encarnada e que passe primeiro pelo consumo interno para, só depois, tornar-se ação.

Adriana, o Brasil Literário pode, em princípio, parecer uma utopia, mas por que não buscar realizá-la?

Com meu abraço, sempre, Bartolomeu

2010, ANO DE OXALÁ

Ano de 2010 – Orixá regente: Oxalá

Elemento: Água (Águas de Oxalá)

Orixá adjunto ao regente em 2010: Yemanjá



Observação: o 1º dia do ano de 2010 será numa sexta-feira, “Dia de Oxalá”


Oxalá


Deus supremo do candomblé, Oxalá vai encher de beleza, perfeição, evolução, amor e progresso o ano de 2010. Para conseguir concretizar seus objetivos mais importantes, não hesite em pedir a proteção desse orixá. Oxalá é sincretizado em face da Religião Católica na personificação de Jesus Cristo.

Oxalá é alheio a todo o tipo de violência, disputas e brigas; gosta de ordem, da limpeza e da pureza. A sua cor é o branco e o seu dia é a sexta-feira. No dia consagrado a Oxalá (sexta-feira) deve se vestir branco. Pertencem a Oxalá os metais e outras substâncias brancas.

Segundo a mitologia yorubá, Oxalá é o detentor do poder genitor masculino. Todas suas representações incluem o branco. E um elemento fundamental dos primórdios, massa de ar e massa de água, a protoforma e a formação de todo tipo de criaturas. Ao incorporar-se, assume duas formas: Oxaguian jovem guerreiro, e Oxalufã, velho apoiado num bastão de prata (Apaxaró). Oxalá é alheio a toda violência, disputas, brigas, gosta de ordem, da limpeza, da pureza. Sua cor é o branco. Pertencem a Oxalá os metais e outras substâncias brancas.

Oxalá recebe os mais diversos nomes, entre eles, os mais importantes são: Orixalá, ou seja, o grande Orixá, ou então, Obatalá (Rei do Pano Branco). No entanto são Oxalufan e Oxaguian suas principais expressões que se tornaram as mais conhecidas.

Num tempo em que o mundo era apenas a imaginação de Olodumaré, só existia o infinito firmamento e abaixo dele a imensidão do mar.

Olorum, o senhor do Céu, e Olocum, a dona dos oceanos, tinham a mesma idade e compartilhavam os segredos do que já existia e ainda existiria.

Olorum e Olocum tiveram dois filhos: Orixalá, o primogênito, também chamado Obatalá, e Ododua, o mais novo.

Olorum-Olodumare encarregou Obatalá, o Senhor do Pano Branco, de criar o mundo.



Águás salgadas de Oxalá



Yamanjá – adjunto a Oxalá em 2010




No próximo ano de 2010 temos como orixá regente adjunto Yemanjá. Seu nome provém do yorubá e significa "mãe cujos filhos são peixes".

Yemanjá é a dona dos mares, das águas salgadas, da fartura e dos pensamentos.

Yemanjá nos auxilia nos casos de saúde, paz, amor é a deusa protetora dos pescadores e marinheiros !

Existem muitas lendas sobre essa mãe deusa das águas, sendo ela esposa de Oxalá dos quais tiveram muitos filhos (alguns deles orixás), denomina-se Yemanjá sendo uma das primeiras deusas da criação do mundo.

Além de Xangô (o mais poderoso de seus filhos), Yemanjá também é mãe de Ogum, Oxosse e Exu, bem como mãe adotiva de Obaluaê (Omulú), filho natural de Nanã que o rejeitou.
Se desejar fazer uma Oração a Yemanja na virada do Ano Novo, acenda uma vela azul, faça a seguinte oração:

“Ó soberana mãe das águas venha a mim nesse momento de aflição,

Com minha fé e devoção acendo-te esta vela para iluminar meus pedidos e caminhos.

Ó mãe Yemanjá, assim como controla a senhora a força das águas venha e ajude-me no que eu necessito (fazer o pedido)

Com seu manto azul perolado cubra a minha vida de alegrias e todos aqueles que me estão ao redor, e quanto aqueles que pensam ser meus inimigos, em relação a esses mãe soberana mude-lhes os pensamentos para que tornem-se dignos e lhes tire o ódio do coração.

Ajude-me mãe a resolver o que me aflige e me acompanhe nesta jornada para que males não me alcancem.

Ó soberana mãe Yemanjá desde já lhe agradeço pois tenho fé que estarás comigo,

Omio omiodo yá!

Odoiá.!!

Odofiaba!!!”


Cores da virada de ANO NOVO para 2010

As cores indicadas para entrarmos o ano novo com boa sorte e proteção dos Orixás regentes são as seguintes:

· Branco (*1)

· Branco e prata.

· Branco e Azul (*2)

· Branco, Azul e prata

*1 – Branco e prata são as cores de Oxalá. A cor branca se configura como a cor da criação, guardando a essência de todas as demais. O branco representa todas as possibilidades, a base de qualquer criação. O pano branco representa a pureza do orum (o céu), cujo representante da pureza da divindade maior Olodumaré, é o orixá Oxalá – que muitas vezes é confundido com o próprio Criador.

*2 – Azul e branco (e cristal incolor = transparente) são as cores de Yemanjá, que governará o próximo ano com Oxalá.



Canto de Oração para Oxalá (letra)
Cantiga Ioruba


"Canção de Oração para Oxalá" trata-se de uma oração cantada (mantra) no idioma Yorubá em louvor ao Orixá Oxalá (que é sincretizado em Jesus), trazida pelos primeiros negros escravizados que habitaram esta Grande Ilha de Vera Cruz, que hoje chamamos de Brasil.

Portanto, não é de autoria de nenhum compositor baiano ou carioca ou maranhense, mas sim de domínio popular.

Abaixo segue a letra do canto, como se presume deveria ser e um pequeno glossário da tradução das palavras:

Boas Festa e prósprero Ano de 2010 , com as bênçãos de Oxalá e Yemanjá.


Que meu Pai Xangô e minha Mãe Oxum nos protejam, sejam misericordiosos e abençoem a todos nós.

Kaò Kabiecilè, Zazi.

Orá Ayè Yè ò Mamãe

Saravá e muitos bjsssssss,

Alvaro Rangel (Barú-Omim)



Canto de Oração para Oxalá (letra) - v. MP3, em anexo
Cantiga Ioruba

Oni saurê
Saura axé
Oni saurê
Oberioman
Oni saurê
Aum l’axé baba
Oni saurê
Oberioman
Oni saaurê

Baba saurê
Saura axé
Baba saurê
Oberioman
Baba saurê
Aum l’axé baba
oberioman
Saura axé

Mam.... mam... mam....
Mam.... mam... mam....
Mam.... mam... mam....
Mam.... mam... mam....

Glossário:
Oni = Rei / Senhor
Oberioman = continua vivo, mesmo sem seu corpo físico
Suruê = Plano dos Orixás (Aruanda / Céu)
Axé = energia / poder / força da natureza
Baba = Pai / Mãe
Aum = verdade suprema
Man = Zumbido de mantra
Obé = esperiência fora do corpo (espírito)
Ori = cabeça (intuição espiritual que se localiza na cabeça / essência real do ser)
Omã – Renascimento / ressurreição



PS: Os filhos de Pai Xangô poderão faze a seguinte oferenda (ou “simpatia”, como preferir):



Compre 800 gramas de quiabo novo. Em cima de uma tábua, junte os quiabos e corte-os em rodelas bem fininhas, antes retire as pontas e a cabeça dos quiabos que devem ser jogadas em água corrente. Dentro de uma vasilha branca de louça ou de madeira redonda (gamela), coloque os quiabos cortados, junte seis colheres de mel e bata os quiabos em sentido circular, até que eles fiquem bem babentos, deixe descansar.

Pegue uma maça argentina, bem vermelha, abra um buraco no miolo dela com cuidado, coloque um papel escrito com o que deseja alcançar em 2010 dentro dela, depois feche-a e coloque em cima dos quiabos no centro da gamela. Entregue essa oferenda a Xangô, na natureza, de preferência debaixo de uma árvore frutífera, numa pedreira ou em cima de uma pedra próxima de um riacho ou cachoeira. Boa sorte!






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CIFRAS CARDEAIS

Norte: transporte
Sul: surf
Leste: pesca
Oeste: pérola

quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

JUAN ARIAS, LECTOR-POETA

Latuf querido:

enhorabuena por el video donde tus poemas parecen dioses surfando en las aguas de la vida
Grande abrazo
Juan, hermano.

BLUE (1993), by Derek Jarman (1942-1994)

In time,
No one will remember our work
Our life will pass like the traces of a cloud
And be scattered like
Mist that is chased by the
Rays of the sun
For our time is the passing of a shadow
And our lives will run like
Sparks through the stubble. I place a delphinium, Blue, upon your grave

segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

PARFUMS

Consta que Marilyn Monroe, no auge de sua nudez hollywoodiana, usava apenas, para dormir, gotas de "Chanel no. 5"; já eu, no meu recato monastérico, asperjo-me, quando vou para a cama, "Miss Rocaille".

domingo, 13 de dezembro de 2009

CARÊNCIA CIBERNÉTICA

Por cerca de três longos dias, este meu fiel computador teve que ir a um "spa", porque entrou em pane e eu quase fiquei em pânico. Não me basta o "notebook", pequeno demais, sem horizonte, sem plasticidade. Eu necessito desta parafernália aqui, bem na minha sala esteta e de colecionador. Naqueles dias e noites, era como uma pessoa que me faltava, um amigo diuturno, um cúmplice sem culpa alguma. Meu computador é meu livro, meu dicionário, minha enciclopédia. Ele fica ligado, ou conectado, melhor dizendo, dia e noite; na madrugada, senti a falta de sua luz, quase bruxoleante, uma espécie de lareira em uma cidade que não precisa de lareira. Este computador faz parte de meu lar, como o Guto (meu cão), como minhas tartarugas, meus flamboyants, meus jasmineiros, minhas rosas sonhadas, minhas palmeiras de nenhum exílio, minhas bromélias (sempre que falo de bromélia, lembro-me do genial Burle Max), meu pé de acerola. Na moldura de minha alma letrada, o computador é o traço cibernético.

BELEZA

A primeira definição do belo, aprendi-a, em minha remota e enclausurada adolescência, com São Tomás de Aquino(1225-1274): "quod visum placet". Com o tempo, a experiência estética e, sobretudo, o magistério na área da arte e da literatura, ampliei o conceito tomista: o belo é aquilo que agrada, não apenas à visão, como ao tato (roço, voluptuosamente, meu tapete persa), ao olfato (esses jamins do meu jardim me inebriam a alma), ao paladar ("una bella pasta", dizem os conterrâneos de São Tomás), ao ouvido ("se não houvesse a música, o mundo seria um equívoco", enunciou Nietzsche, amigo-inimigo de Wagner), mas, ainda, ao intelecto ( a beleza de uma equação matemática, ensinou Fernando Pessoa). Para mim, o belo tem que ser, necessariamente, ético.

sábado, 12 de dezembro de 2009

"GUERRA JUSTA"

Em "O Globo" de hoje, leio: "Nobel da Paz, Obama defende a 'guerra justa' ". O jornalista fala de "oxímoro", quando, na realidade, se trata de perverso paradoxo, que me faz lembrar outra expressão hedionda: "guerra santa".

PATRÍCIA SERAFIM, ARTISTA PLÁSTICA, EXPONDO EM OMÃ

Amantissimo Latuf.

Nem que viva mil anos serei merecedora de suas palavras.
A muitos algum dia posso ter chamado de professor, porem mestre soh tive um, e nao soh em minha vida academica, meu mestre vai alem, vai onde soh ele alcanca, me ensina o valor de um olhar atento e da importancia da palavra.
Seu texto, hoje pra mim, meu amado mestre, foi a certeza que algum dia fiz algo tao certo que mereci voce.

INSCRIÇÕES TUMULARES

ESPÍRITA - Volto já.
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> INTERNAUTA
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> www.aquijaz.com.br
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> AGRÔNOMO - Favor regar o solo com Neguvon. Evita Vermes.
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> ALCOÓLATRA - Enfim, sóbrio.
>
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>
> ARQUEÓLOGO - Enfim, fóssil.
>
>
>
> ASSISTENTE
> SOCIAL - Alguém aí, me ajude!
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>
>
> BROTHER - Fui.
>
>
>
> CARTUNISTA - Partiu sem deixar traços.
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>
> DELEGADO - Tá olhando o quê? Circulando, circulando...
>
>
> ECOLOGISTA - Entrei em extinção.
>
>
> ENÓLOGO - Cadáver envelhecido em caixão de carvalho,aroma Formol e
> after tasting que denota presença de Microorganismos diversos.
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>
> FUNCIONÁRIO PÚBLICO - É no túmulo ao lado.
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>
> GARANHÃO - Rígido, como sempre.
>
>
>
> GAY - Virei purpurina.
>
> HERÓI - Corri para o lado errado.
>
>
>
> HIPOCONDRÍACO - Eu não disse que estava doente?!?!
>
>
> HUMORISTA - Isto não tem a menor graça.
>
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>
> JANGADEIRO DIABÉTICO - Foi doce morrer no mar.
>
>
> JUDEU- O que vocês estão fazendo aqui? Quem está tomando Conta do lojinha?
>
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>
> PESSIMISTA- Aposto que está fazendo o maior frio no inferno.
>
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>
> PSICANALISTA- A eternidade não passa de um complexo de superioridade
> mal resolvido.
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>
> SANITARISTA - Sujou!!!
>
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>
> SEX SYMBOL - Agora, só a terra vai comer.
>
>
> VICIADO- Enfim, pó!
>
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>
>
> ADVOGADO - Disseram que morri .... Mas vou recorrer!!!

://br.maisbuscados.yahoo.com



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LINGUAJAR NORDESTINO - ISMAEL GAIÃO

NO NORDESTE É DIFERENTE, É ASSIM QUE A GENTE FALA

No Brasil pra se expressar
Há diferenciação
Porque cada região
Tem seu jeito de falar
O Nordeste é excelente
Tem um jeito diferente
Que a outro não se iguala
Alguém chato é Abusado
Se quebrou, Tá Enguiçado
É assim que a gente fala

Uma ferida é Pereba
Homem alto é Galalau
Ou então é Varapau
E coisa ruim é Peba
Cisco no olho é Argueiro
O sovina é Pirangueiro
Enguiçar é Dar o Prego
Fofoca aqui é Fuxico
Desistir, Pedir Penico
Lugar longe é Caxaprego

Ladainha é Lengalenga
E um estouro é Pipoco
Qualquer botão é Pitoco
E confusão é Arenga
Fantasma é Alma Penada
Uma conversa fiada
Por aqui é Leriado
Palavrão é Nome Feio
Agonia é Aperreio
E metido é Amostrado

O nosso palavreado
Não se pode ignorar
Pois ele é peculiar
É bonito, é Arretado
E é nosso dialeto
Sendo assim, está correto
Dizer que esperma é Gala
É feio pra muita gente
Mas não é incoerente
É assim que a gente fala

Você pode estranhar
Mas ele não tem defeito
Aqui bala é Confeito
Rir de alguém é Mangar
Mexer em algo é Bulir
Paquerar é Se Inxirir
E correr é Dar Carreira
Qualquer coisa torta é Troncha
Marca de pancada é Roncha
E a caxumba é Papeira

Longe é o Fim do Mundo
E garganta aqui é Goela
Veja que a língua é bela
E nessa língua eu vou fundo
Tentar muito é Pelejar
Apertar é Acochar
Homem rico é Estribado
Se for muito parecido
Diz-se Cagado e Cuspido
E uma fofoca é Babado

Desconfiado é Cabreiro
Travessura é Presepada
Uma cuspida é Goipada
Frente de casa é Terreiro
Dar volta é Arrudiar
Confessar, Desembuchar
Quem trai alguém, Apunhala
Distraído é Aluado
Quem está mal, Tá Lascado
É assim que a gente fala

Aqui valer é Vogar
E quem não paga é Xexeiro
Quem dá furo é Fuleiro
E parir é Descansar
Um rastro é Pisunhada
A buchuda é Amojada
E pão-duro é Amarrado
Verme no bucho é Lombriga
Com raiva Tá Com a Bixiga
E com medo é Acuado

Tocar em algo é Triscar
O último é Derradeiro
E para trocar dinheiro
Nós falamos Destrocar
Tudo que é bom é Massa
O Policial é Praça
Pessoa esperta é Danada
Vitamina dá Sustança
A barriga aqui é Pança
E porrada é Cipoada

Alguém sortudo é Cagado
Capotagem é Cangapé
O mendigo é Esmolé
Quem tem pressa é Avexado
A sandália é Percata
Uma correia, Arriata
Sem ter filho é Gala Rala
O cascudo é Cocorote
E o folgado é Folote
É assim que a gente fala

Perdeu a cor é Bufento
Se alguém dá liberdade
Pra entrar na intimidade
Dizemos Dar Cabimento
Varrer aqui é Barrer
Se a calcinha aparecer
Mostra a Polpa da Bunda
Mulher feia é Canhão
Neco é pra negação
Nas costas, é na Cacunda

Palhaçada é Marmota
Tá doido é Tá Variando
Mas a gente conversando
Fala assim e nem nota
Cabra chato é Cabuloso
Insistente é Pegajoso
Remédio aqui é Meisinha
Chateado é Emburrado
E quando tá Invocado
Dizemos Tá Com a Murrinha

Não concordo, é Pois Sim
Tô às ordens é Pois Não
Beco ao lado é Oitão
A corrente é Trancilim
Ou Volta, sem o pingente
Uma surpresa é, Oxente!
Quem abre o olho Arregala
Vou Chegando, é pra sair
Torcer o pé, Desmintir
É assim que a gente fala

A cachaça é Meropéia
Tá triste é Acabrunhado
O bobo é Apombalhado
Sem qualidade é Borréia
A árvore é Pé de Pau
Caprichar é Dar o Grau
Mercado é Venda ou Bodega
Quem olha tá Espiando
Ou então, Tá Curiando
E quem namora Chumbrega

Coceira na pele é Xanha
E molho de carne é Graxa
Uma pelada é um Racha
Onde se perde ou se ganha
Defecar se chama Obrar
Ou simplesmente Cagar
Sem juízo é Abilolado
Ou tem o Miolo Mole
Sanfona também é Fole
E com raiva é Infezado

Estilingue é Balieira
Uma prostituta é Quenga
Cabra medroso é Molenga
Um baba ovo é Chaleira
Opinar é Dar Pitaco
Axilas é Suvaco
E cabra ruim é Mala
Atrás da nuca é Cangote
Adolescente é Frangote
É assim que a gente fala

Lugar longe aqui é Brenha
Conversa besta, Arisia
Venha, ande, é Avia
Fofoca é também Resenha
O dado aqui é Bozó
Um grande amor é Xodó
Demorar muito é Custar
De pernas tortas é Zambeta
Morre, Bate a Caçuleta
Ficar cheirando é Fungar

A clavícula aqui é Pá
Um mal-estar é Gastura
Um vento bom é Frescura
Ali, se diz, Acolá
Um sujeito inteligente
Muito feio ou valente
É o Cão Chupando Manga
Um companheiro é Pareia
Depende é Aí Vareia
Tic nervoso é Munganga

Colar prova é Filar
Brigar é Sair no Braço
Nosso lombo é Ispinhaço
Faltar aula é Gazear
Quem fala alto ou grita
Pra gente aqui é Gasguita
Quem faz pacote, Embala
Enrugado é Ingilhado
Com dor no corpo, Ingembrado
É assim que a gente fala

Um afago é Alisado
Um monte de gente é Ruma
Pra perguntar como, é Cuma
E bicho gordo é Cevado
A calça curta é Coronha
Um cabra leso é Pamonha
E manha aqui é Pantim
Coisa velha é Cacareco
O copo aqui é Caneco
E coisa pouca é Tiquim

Mulher desqualificada
Chamamos de Lambisgóia
Tudo que sobra, é Bóia
E muita gente é Cambada
O nariz aqui é Venta
A polenta é Quarenta
Mandar correr é Acunha
Ter um azar é Quizila
A bola de gude é Bila
Sofrer de amor, Roer Unha

Aprendi desde pivete
Que homem franzino é Xôxo
Quem é medroso é um Frouxo
E comprimido é Cachete
Sujeira em olho é Remela
Quem não tem dente é Banguela
Quem fala muito e não cala
Aqui se chama Matraca
Cheiro de suor, Inhaca
É assim que a gente fala

Pra dizer ponto final
A gente só diz: E Priu
Pra chamar é Dando Siu
Sem falar, Fica de Mal
Separar é Apartá
Desviar é Ataiá
E pra desmentir é Nego
Quem está desnorteado
Aqui se diz Ariado
E complicado é Nó Cego

Coisa fácil é Fichinha
Dose de cana é Lapada
Empurrão é Dá Peitada
E o banheiro é Casinha
Tudo pequeno é Cotoco
Vigi! Quer dizer, por pouco
Desde o tempo da senzala
Nessa terra nordestina
Seu menino, essa menina!
É assim que a gente fala


Sábio é aquele que conhece os limites da própria ignorância (Pensamento de Socrátes)

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__,_._,___

REVEILLON À VISTA

Preparando-me para o réveillon de 2010, que celebrareí, com pompa e circunstância, na mansão marítima de meus amicíssimos Roseana & Juan, providenciei a lavagem de algumas camisas e bermudas brancas minhas. Estendida no varal do quintal, minha indumentária de réveillon são nuvens quase estáticas e plenas de luz.

ORLANDO, DE VIRGINIA WOOLF, TRADUZIDO EM FILME

Ontem, depois de muito tempo, voltei a ver, em meu "cine privé", meus filmes. Abri a caixa recém-comprada no Paço Imperial, no Rio: "Orlando" (1993), dirigido por Sally Porter, com Tilda Swinton, Billy Zane et alii. Revi, depois de mais de duas décadas, o romance ("Orlando, a biography", de 1928, mesmo ano do protéico "Macunaíma", do nosso Mário de Andrade), que estudei, fervorosamente, durante meu mestrado em teoria literária na UFRJ. Lembrei-me, também, do filme "As horas", sobre a escritora inglesa, de que não gostei por ser muito sombrio e calcado na depressão que levou Virginia Woolf ao suicídio. Como um livro com imagens móveis, "Orlando" divide-se, mais do que em cenas, em capítulos: "Morte", "Amor", "Sociedade", "Política", "Sexo", "Nascimento", perfazendo um ciclo, que começa, paradoxalmente, com a morte e termina com o nascimento da filha da personagem principal e da publicação de um livro ("Orlando"?). Este filme, my goddess, é um deslumbramento absoluto, devido, não só à sublime fotografia, à música avassaladora, como, sobretudo, à soberba interpretação de Tilda Swinton, que é Orlando em suas mutações sexuais e temporais por 350 anos de vida. O filme estende até aos anos 90 a vida de Orlando. Confirma, assim, sua eternidade de obra de arte, literária e fílmica, bem de acordo com a ordem de Elizabeth I ao protagonista: "Do not fade. Do not wither. Do not grow old." Será Orlando um Dorian Gray "après la lettre" e dotado de humor quixotesco e com final feliz na ambiguidade da vida secular.

GANHADOR DE PRÊMIO NOBEL DA PAZ FAZ A GUERRA

Alguém poderia me explicar como alguém, agraciado, este ano, com o prêmio Nobel da paz, pode, logo depois da láurea, enviar, fomentando guerras em vários países, exceto no seu, para o Afeganistão mais 30.000 soldados, 30.000 jovens, 30.000 namorados, 30.000 famílias? Como a democracia, a paz "americana" é uma farsa mercenária.
Tendo confessado a meus discípulos esta minha angústia, vivencial e metafísica, uma jovem me respondeu que ele, o presidente estadunidense, foi condecorado com tal prêmio porque tem planos de paz. Retruquei-lhe: tenho projeto de escrever um belo romance; ganharei, então, o Nobel de literatura?
Há antiquíssimo provérbio, que reza: "De boas intenções o inferno está cheio". Definitivamente, a guerra é um inferno, feito de "boas" intenções.

quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

Hermann Hesse

"Nada lhe posso dar que já não exista em você mesmo.
Não posso abrir-lhe outro mundo de imagens, além daquele que há em sua
própria alma.
Nada lhe posso dar a não ser a oportunidade, o impulso, a chave.
Eu o ajudarei a tornar visível o seu próprio mundo, e isso é tudo."

sábado, 5 de dezembro de 2009

GUGA MURRAY & O TRIO VIRALATA

os traços de cada brasileiro,
de cada mulato, de cada mestiço,
a nossa língua, a nossa fome,
porque vira-lata não tem dono,
não tem cuidado, não tem medo,
é malandragem,
é sangue, é suingue,
porque o vira-lata
é o sábio da sobrevivência,
porque o vira-lata
traz a dor do abandono,
porque é vira-lata a nossa alma.

sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

DIETA DO CHÁ

Lasanha... chá comigo
> Salada... chá pra lá
> Picanha... chá comigo
> Carne de soja... chá pra lá
> Rabada... chá comigo
> Peixe grelhado... chá pra lá
> Feijoada... chá comigo
> Sopinha... chá pra lá
> Cerveja... chá comigo
> Chazinho... chá pra lá
> Açúcar... chá comigo
>
> Adoçante... chá pra lá
> Boteco... chá comigo
> Academia... chá pra lá
> Rodízio... chá comigo
> Spa... chá pra lá
> "VOCÊ NASCE SEM PEDIR E MORRE SEM QUERER!!! ENTÃO,
> APROVEITE O INTERVALO"
>
>
>

ROSEANA MURRAY: POEMA PARA BERTHA KINGLERMAN

POEMA PARA BERTHA



Mãe, a sua vida, você diz,

daria um livro,

desde o primeiro ponto na longa costura,

você veio de tão longe e seu corpo miúdo

entrou tão fundo no coração de todos,

cavando a terra, cortando galhos, semeando,

bordando flores em infinitas tapeçarias,

suas mãos sempre em movimento,

como se dançassem sozinhas,

Você arrumava e desarrumava casas,

por onde passava você era um vento novo,

um sopro, um redemoinho,

nas suas mãos os panos eram vivos,

bastava o seu olhar e viravam

os mais loucos vestidos.

Por onde passava você ia fabricando amigos.



Agora, como ciranda mágica, à sua volta,

filhos e filhas, irmãs, sobrinhos,

netos e netas, bisneto, livros e flores,

os que já se foram, os que ainda virão

e todas as estrelas do firmamento.

JORGE LOVISOLO, MAGISTER MAXIMUS

Un poema es logrado cuando uno advierte que las palabras están haciendo el amor

JORGE LOVISOLO, DESDE SAN LORENZO

La alegría del reencuentro me estimula para retomar nuestro entretien infini

HAICAI DA CHUVA

O cheiro da chuva
no chão de mim
inebria-me

JORGE LOVISOLO AFORISMÁTICO

Si la tolerancia cero la ejercieran los oprimidos no quedaría ningún opresor.

DELENDA EST

Sem dó nem piedade, apaguei de meu celular salmão seu nome, um nome falsíssimo como sua pretensa arte que me enganou. Concluí, com doloroso conhecimento de causa, que arte é engodo, assim como é fraudulento seu nome "artístico", que não tem nada, absolutamente nada, a ver com você tampouco com o lugar em que, no seu "orkut", está situado o ser, de quem roubou o nome. Também de minha memória de elefante branco borrei seu nome. Também de minha desvairada imaginação rasurei seu nome.

quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

Mímesis canina

A cada vez que vou urinar no meu jardim, Guto, o meu cachorro, vem e urina junto comigo...

LIVROS MEUS NOS SEBOS

Ruína & Simulacro Decadentista
Latuf Isaias Mucci 1990 Crítica Literária Quiosque Cultural
DF R$ 13,00
Dandis, Estetas e Sibaritas: Ensaios C...
Luiz Edmundo Bouças Coutinho / Latuf Isaias Mucci 2006 Crítica Literária Crisálida Livraria
MG R$ 44,00
Dândis Estetas e Sibaritas
Luiz Edmundo Bouças Coutinho e Latuf Isaias Mucci 2006 Crítica Literária Livro B Sebo
SP R$ 30,00
Fulgurações
Luiz Edmundo Bouças Coutinho e Latuf Isaias Mucci 2009 Filosofia Livraria Otelo Matriz
RJ R$ 40,50

REENCONTRO OU A SAUDADE É UMA MIRAGEM

A cada vez que me preparo, física e espiritualmente, como para as festas de Natal, por exemplo, para ir a Belo Horizonte-MG, sinto que estou indo ao reencontro de minha Mãe, que nos deixou, fisicamente, há 13 longuíssimos anos... Lá, em Belo Horizonte, revejo Mamãe na semelhança imensa de Tia Ziza, na cara de meus quatro irmãos e em um e outro traço fisionômico de meus sobrinhos lindos . Hospedo-me na casa de minha irmã caçula, Maria, onde Mamãe, deixando-nos completamente órfãos, exalou seu último suspiro; naquele quarto, aconchego-me em lençóis e fronhas maternos, com cheiro de infância, e seco meu corpo cansado com toalhas de banho que Mamãe me emprestava. Mas nada consegue enxugar lágrimas internas.

domingo, 29 de novembro de 2009

CRÔNICA ANUNCIADA DE UMA PEQUENA RODA DE LEITURA INFINITA

Como aves alvissareiras, que buscam um novo ninho, professores e alunos das escolas municipais de Saquarema foram chegando aos bandos à casa de Roseana Murray e Juan Arias para participarem, dia 25 de novembro de 2009, da 14ª. Roda de Leitura, derradeira edição, no ano em curso, de um evento, que marca, a cada vez, o calendário cultural de nossa cidade, bela e acolhedora. Vieram representantes de todas as escolas e a ampla casa amarela, com muitas cadeiras, variegados tapetes e gostosas almofadas, tornou-se, de repente, pequena para tanta gente. Cheguei até a pensar que teríamos que ir para a praia ali em frente, mas o sol era tão escaldante e talvez tanta beleza marítima desviasse nossa atenção do texto a ser lido. Notei certa preocupação no semblante maternal de Roseana, mas ela faria a mágica do espaço poético e a todos enredaria nas malhas da paixão pela Literatura, desafio que vem vencendo desde que iniciou, em 2003, seu original projeto de levar a todas as escolas daqui a leitura como prazer do texto e não como obrigação escolar.
Convidada constante, Tânia Damásio, ex-livreira carioca e contadora de histórias, moradora de Araruama e atuando em Macaé e Campos, veio, com sua presença discreta, ratificar a importância de um projeto, arrojado e feliz, que ultrapassa os muros marítimos de uma casa no Gravatá.
Se a cada vez a Roda de Leitura Roseana Murray tem uma digital, que a diferencia das anteriores, esta 14ª. Edição foi totalmente especial, na medida em que, como nos eventos anteriores, não se privilegiou o conto; embora sempre presente no que ela, Roseana, costuma chamar “Café Literário”, a Poesia (e estamos na casa de uma Poeta) ocupou plenamente o espaço e o tempo da Roda final de 2009. O poeta escolhido foi Federico García Lorca (1898-1936), que se terá reencarnado em duas pessoas: primeiramente em nosso anfitrião, o escritor Juan Arias que, na qualidade de espanhol, recebeu a incumbência de apresentar o artista seu conterrâneo. Com visível emoção que a todos contagiava, o correspondente, no Brasil, do jornal espanhol El Pais, começou seu discurso desvendando um mistério: o verdadeiro nome do poeta andaluz: Federico del Sagrado Corazón García Lorca, nome que não consta em nenhuma Wikipédia e que se deve à arraigada tradição católica da Espanha, que, àquela época, exigia que todos os recém-nascidos fossem batizados com nomes de santos; as meninas, por exemplo, tinham que se chamar “Maria”, em todas as suas modulações e mortificações... Com sedutor conhecimento de causa, Juan discorreu sobre as várias facetas do artista-mártir, que atinge, porque fala o tempo todo de amor, a leitores de todos os tempos e idades, sendo ícone máximo da luta pela liberdade; nascido em uma minúscula aldeia, do tamanho de nossa Mombaça, Lorca tornou-se o mais universal dos poetas espanhóis do século XX. Com a autêntica música do idioma de Miguel de Cervantes (1791-1616), Juan brindou, ainda, a todos com a leitura do poema lorqueano “Preciosa y el aire”. Mais do que apresentar e (re)apresentar Lorca, Juan Arias, possuidor de uma enciclopédica erudição, tratou de cultura, uma cultura fundada na mais lídima Poesia.
Já o outro personagem García Lorca representou-o o premiadíssimo ator carioca José Mauro Brant, que roterizou, com Antônio Gilberto, e atuou como Lorca na peça Pequeno Poema Infinito - traduzida, com rigor e vigor, por Roseana Murray -, que, desde 2007, roda, com imenso sucesso, o Brasil todo. A presença linda do José Mauro foi uma surpresa para todos e tornou aquela Roda de Leitura, com uma apoteótica performance, um sublime sarau. A convite da Roseana, eu assistira à pré-estréia da peça no Caixa Cultural, no Rio, e ficara emocionadíssimo; vendo, bem mais de perto e em frente ao mar, a encenação de algumas partes do Pequeno Poema Infinito, tive outras emoções e outras reflexões, inesquecíveis; é bem verdade que, em Saquarema, José Mauro não cantou, tampouco executou ao piano canções andaluzas, mas havia a música do mar ao fundo e nenhuma música, no mundo, é mais bela. Também um feérico flamboyant no quintal da casa, que florescia, pela primeira vez nesta primavera ensolaradíssima, foi testemunha gloriosa da atuação de José Mauro; como homenagem ao jovem ator, ele lhe oferecia, inserida em seu tronco, uma orquídea branca. Pesquisador ardente da obra de Lorca, tendo, inclusive, estado várias vezes em Granada – último reino mouro na Espanha -, José Mauro tem outro parentesco com Lorca: o poeta espanhol levava, numa barraca, o teatro aos mais afastados e pobres rincões da Espanha; José Mauro carregou, durante algum tempo, num caminhão, o teatro para regiões carentes de nosso imenso País. Espanha e Brasil têm muito em comum, já poetizara João Cabral de Melo Neto (1920-1999). Com uma Arte encarnada, José Mauro declamou alguns fragmentos de sua peça teatral e levou a platéia a uma emoção, densa e silenciosa, só interrompida pelos aplausos das ondas atlânticas. Já não cabiam comentários, interpretações, releituras, como sói acontecer em cada Roda de Leitura, porque estava tudo completo; Shakespeare (1564-1616), o bardo paradigmático, se fez ouvir: the rest is silence.
Para que fique na memória das ondas, inscrevo, aqui, no original, o poema “Pequeño Poema Infinito”:
Para Luis Cardoza y Aragón
Equivocar el camino
es llegar a la nieve
y llegar a la nieve
es pacer durante veinte siglos las hierbas de los cementerios.
Equivocar el camino
es llegar a la mujer,
la mujer que no teme la luz,
la mujer que no teme a los gallos
y los gallos que no saben cantar sobre la nieve.
Pero si la nieve se equivoca de corazón
puede llegar el viento Austro
y como el aire no hace caso de los gemidos
tendremos que pacer otra vez las hierbas de los cementerios.
Yo vi dos dolorosas espigas de cera
que enterraban un paisaje de volcanes
y vi dos niños locos que empujaban llorando las pupilas de un asesino.
Pero el dos no ha sido nunca un número
porque es una angustia y su sombra,
porque es la guitarra donde el amor se desespera,
porque es la demostración de otro infinito que no es suyo
y es las murallas del muerto
y el castigo de la nueva resurrección sin finales.
Los muertos odian el número dos,
pero el número dos adormece a las mujeres
y como la mujer teme la luz
la luz tiembla delante de los gallos
y los gallos sólo saben votar sobre la nieve
tendremos que pacer sin descanso las hierbas de los cementerios.

Federico García Lorca, 10 de enero de 1930

Ainda na linha teatral (García Lorca é famosíssimo dramaturgo), o Prof. Robledo trouxe uma trupe de alunos seus, que encenaram parte do livro Os títeres do porrete e outras peças, de Lorca; no grupo, destacou-se a menina Paula, focada em seu papel de promissora atriz do poeta de Granada.
Com um belo poema, de sua verve - “Granada”-, a Profa. Maria Clara homenageou Roseana e Juan, poema concreto em que destaco esta estrofe:

Ósculos cheios
de morte e músculos,
amor e medo.

Mas haveria uma outra surpresa: as Escolas apresentaram uma avaliação do que representaram as Rodas de Leitura, avaliação feita em forma de poemas, cordel e ensaios críticos. A Profa. Kátia Devino, por exemplo, da Escola Padre Manuel, leu excelente texto, em que trata da importância, em sua Escola, das Rodas, que têm propiciado um ótimo desenvolvimento dos alunos, em todos os níveis e disciplinas; a Padre Manuel, ergue-se, então, segundo Kátia Devino, como modelo de uma práxis de leitura prazerosa e formadora da consciência-cidadã. Em seu discurso de abertura, Roseana citara Arnaldo Jabor que, em ensaio, afirmou: “O pensamento é coisa do diabo”. A avaliação mostra que os estudantes e os professores estão pensando, apesar dos anátemas.
Antes de nos convidar para saborear um arroz doce, sobremesa espanhola de origem árabe e aculturadíssima no Brasil, sobretudo com o acréscimo do coco, Roseana Murray agradeceu, entusiasta, a Saquarema a oportunidade de poder abrir sua casa para professores e alunos da rede escolar municipal, pois “Eu só acredito na arte dentro da vida, não separada da vida”, ensinou ela, do fundo de sua generosidade exemplar e sabedoria poética.
Esta pequena crônica de um escriba improvisado foi anunciada pela própria Roseana Murray, que, em postagem de 26 de novembro de seu blog, escreveu:
“Ontem o nosso Café Literário foi emocionante, o Latuf vai contar tudo em sua crônica que estará no site em breve. Mas quero contar um pouquinho também. Como era tudo sobre o Lorca , convidei meu amigo José Mauro Brant, ator e autor do espetáculo Pequeno poema Infinito traduzido por mim. Zé Mauro aceitou meu convite, mas como está atuando em vários espetáculos, só podia chegar a Saquarema bem tarde. Esperei na varanda, deitada na rede. Zé Mauro ia se perdendo pelo caminho e me telefonando, pedindo instruções. Fiquei aflita , assustada, mas ele chegou são e salvo. Acordei bem cedo para preparar o arroz doce. Quis fazer algum prato bem andaluz e pensei no arroz con leche. E antes das nove as pessoas já foram chegando e enchendo a varanda, só que, eu não sabia, a Secretaria de Educação , como era o último encontro, decidiu chamar TODAS as escolas, claro que apenas alguns alunos e professores de cada uma. Acho que eram umas 80 pessoas. Tive ontem a dimensão da beleza deste trabalho. Hoje, 6 anos depois do começo do projeto, podemos ver os frutos, principalmente depois da chegada do Valdinei na Secretaria, pois ele acompanha, fica em cima, faz um corpo a corpo com as escolas. Todas as escolas estão super envolvidas. Deu certo. Ontem chorei de alegria”.
Mais uma vez, o silêncio se faz eloqüente. Mas eu quis, até para transbordar um pouco uma oceânica emoção e insistente reflexão, compor esta crônica, que, qual garrafa, lanço ao mar da Internet.

RECONHECIMENTO

Sim, é Dorian Gray! Ele vive em Saquarema, onde pega onda e anda de bicicleta. Como máscara, tem um comum nome de batismo, mas é o real Dorian Gray, assumidamente "gay" e com a ímpar beleza dos Trópicos.
"Quem é Dorian Gray", perguntou-me ele.
É o mais belo efebo da Inglaterra, respondi, omitindo o fato de que ele era, também, o mais perverso.
Com um vinho português, brindamos ao reencontro da ficção e do real.

sábado, 28 de novembro de 2009

A PRINCESA E AS UVAS

- Vitorinha, vovô comprou uvas para você.
- Uvas, de que cor, vovô?
- Verdes.
- Mas tem uvas rosas, vermelhas, azuis...

HERNÁN ULM, PROFETA

já logo chegarão esses dias de não fazer nada e ficar deitado nas praias de Saquarema, escrevendo poemas e derivas sobre o mar.

HERNÁN ULM, FRAGMENTÁRIO

você contagia (eu posso dizer, também, mas perto de artaud: você contamina) o prazer dos textos!!!

HERNÁN ULM, MEU LEITOR AMADO

A palavra "almejar"!!!!! nossa, que palavra linda!!!!! Acho que você é daqueles professores que almejam, que fazem almejar, a paixão inelutável pela literatura

LATUFLAMBOYANT

No meio do meu caminho
há um flamboyant
dois flamboyants
três flamboyants
quatro flamboyants
cinco flamboyants
seis flamboyants
sete flamboyants
oito flamboyants
nove flamboyants
dez flamboyants...

Jamais esquecerei:
sou um sátiro
atravessando
uma floresta de flamboyants.

PEQUEÑO POEMA INFINITO, de Federico García Lorca (1898-1936)

Para Luis Cardoza y Aragón

Equivocar el camino
es llegar a la nieve
y llegar a la nieve
es pacer durante veinte siglos las hierbas de los cementerios.
Equivocar el camino
es llegar a la mujer,
la mujer que no teme la luz,
la mujer que no teme a los gallos
y los gallos que no saben cantar sobre la nieve.
Pero si la nieve se equivoca de corazón
puede llegar el viento Austro
y como el aire no hace caso de los gemidos
tendremos que pacer otra vez las hierbas de los cementerios.
Yo vi dos dolorosas espigas de cera
que enterraban un paisaje de volcanes
y vi dos niños locos que empujaban llorando las pupilas de un asesino.
Pero el dos no ha sido nunca un número
porque es una angustia y su sombra,
porque es la guitarra donde el amor se desespera,
porque es la demostración de otro infinito que no es suyo
y es las murallas del muerto
y el castigo de la nueva resurrección sin finales.
Los muertos odian el número dos,
pero el número dos adormece a las mujeres
y como la mujer teme la luz
la luz tiembla delante de los gallos
y los gallos sólo saben votar sobre la nieve
tendremos que pacer sin descanso las hierbas de los cementerios.

Federico García Lorca, 10 de enero de 1930

MINHAS ROSAS, MEUS JASMINS, HIBISCOS, BOUGANVILLES,MINHAS ACÁCIAS, BROMÉLIAS, ACEROLAS, ALAMANDAS,ESPADAS-DE-SÃO JORGE...

A coisa doméstica que mais amo fazer, aliás a única, é regar os jardins, o da minha casa e o da do meu filho, ao lado. Lembro-me sempre de Fernando Pessoa, que só queria cuidar de suas rosas. Sinto a alegria das plantas, tomando banho e se nutrindo, e me sinto um deus, fazendo chover. Hoje, depois de ter cumprido o meu ritual de amante das plantas, o céu teve inveja e fez chover.

BEIJA-FLOR ETÉREO E ETERNO

Pela janela do meu quarto de dormir, vislumbro um serelepe beija-flor que vem, continuamente, sugar o néctar de um coruscante hibisco. Nunca sei se é o mesmo beija-flor, mas, para mim, é o beija-flor, uma ave que me faz sonhar e, sobretudo, meditar sobre a imponderável leveza do ser belo.

HERÁCLITO PELO AVESSO

"Cuando el río es lento y se cuenta con una buena bicicleta o caballo sí es posible bañarse dos (y hasta trés, de acuerdo con las necesidades higiénicas de cada quién) veces en el mismo río".

Augusto Monterroso

JORGE DE SENA

Génesis

De mim não falo mais: não quero nada.
De Deus não falo: não tem outro abrigo.
Não falarei também do mundo antigo,
pois nasce e morre em cada madrugada.

Nem de existir, que é a vida atraiçoada,
para sentir o tempo andar comigo;
nem de viver, que é liberdade errada,
e foge todo o Amor quando o persigo.

Por mais justiça ...-Ai quantos que eram novos
em vão a esperaram porque nunca a viram!
E a eternidade...Ó transfusâo dos povos!

Não há verdade: O mundo não a esconde.
Tudo se vê: só se não sabe aonde.
Mortais ou imortais, todos mentiram.
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Tentações do Apocalipse

Não é de poesia que precisa o mundo.
Aliás, nunca precisou. Foi sempre
uma excrescência escandalosa que
se lhe dissesse como é infame a vida
que não vivamos para outrem nele.
E nunca, só de ser, disse a poesia
uma outra coisa, ainda quando finge
que de sobreviver se faz a vida.
O mundo precisa de morte. Não da morte
com que assassina diariamente quantos teimam
em dizer-lhe da grandeza de estar vivo.
Nem da morte que o mata pouco a pouco,
e de que todos se livram no enterro dos outros.
Mas sim da morte que o mate como um percevejo,
uma pulga, um piolho, uma barata, um rato.
Ou que a bomba venha para estas culpas,
se foi para isso que fizemos filhos.
Há que fazer voltar à massa primitiva
esta imundície. E que, na torpitude
de existir-se, ao menos possa haver
as alegrias ingénuas de todo o recomeço.
Que os sóis desabem. Que as estrelas morram.
Que tudo recomece desde quando a luz
não fora ainda separada às trevas
do espaço sem matéria. Nem havia um espírito
flanando ocioso sobre as águas quietas,
que pudesse mentir-se olhando a criação.
(O mais seguro, porém, é não recomeçar.)
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Reflorir, sempre

Não é já de Natal esta poesia.
E, se a teus pés deponho algo que encerra
e não algo que cria,
é porque em ti confio: como a terra,
por sobre ti os anos passarão,
a mesma serás sempre, e o coração,
como esse interior da terra nunca visto,
a primavera eterna de que existo,
o reflorir de sempre, o dia a dia,
o novo tempo e os outros que hão-de vir.

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*«ESTÃO PODRES AS PALAVRAS....»

Estão podres as palavras - de passarem
por sórdidas mentiras de canalhas
que as usam ao revés como o carácter deles.
E podres de sonâmbulos os povos
ante a maldade à solta de que vivem
a paz quotidiana da injustiça.
Usá-las puras - como serão puras,
se caem no silêncio em que os mais puros
não sabem já onde a limpeza acaba
e a corrupção começa? Como serão puras
se logo a infâmia as cobre de seu cuspo?
Estão podres: e com elas apodrece a mundo
e se dissolve em lama a criação do homem
que só persiste em todos livremente
onde as palavras fiquem como torres
erguidas sexo de homens entre o céu e a terra.
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Dizer Porquê e Para Quê

Dizer porquê e para quê do que descubro
que a vida ensina ou julgo que ela ensina?
Se o só descubro quando passou tempo,
e a gente já passou como eu também?
Se quem me leia não me entenderá?-
ou são mais velhos e já sabem,
ou mais antigos e têm outra língua
ou são mais jovens crendo que o saber
é a sua descoberta em que de passo em passo
descobrirão que a vida não ensina
senão o que mais tarde em nós descobriremos
de quanto nunca foi ou não escolhemos.

Di-lo-ei por mim e para mim? Porquê
Aos outros? Que comum tenho com eles
além de lhes dizer que não importa
dizer o que não dizem? se não há
maneira alguma de viver de novo
o que quiséramos que a vida fora?
E se outros não de nós mas de si mesmos
já descobriram de outro modo a mesma coisa,
ou hão-de descobri-la? De experiência
Falamos e falemos. E nenhuma
serve a ninguém. Que tê-la não atendo
Ou que não tê-la tendo-a é o que se diz dizendo.

A UN GATO, JORGE LUIS BORGES

No son más silenciosos los espejos
ni más furtiva el alba aventurera;
eres, bajo la luna, esa pantera
que nos es dado divisar de lejos.
Por obra indescifrable de un decreto
divino, te buscamos vanamente;
más remoto que el Ganges y el poniente,
tuya es la soledad, tuyo el secreto.
Tu lomo condesciende a la morosa
caricia de mi mano. Has admitido,
desde esa eternidad que ya es olvido,
el amor de la mano recelosa.
En otro tiempo estás. Eres el dueño
de un ámbito cerrado como un sueño.

KONSTANTIO KAVÁFIS, "E os sábios, as que se aproximam", tradução de Ísis Borges da Fonseca

Pois os deuses percebem as coisas futuras; os homens aquelas que ocorrem; e os sábios, as que se aproximam. (Filóstrato, Vida de Apolônio de Tiana, VIII,7)

Os homens conhecem as coisas que ocorrem.
As futuras, os deuses as conhecem,
plenos e únicos possuidores de todas as luzes.
Das coisas futuras os sábios percebem
as que se aproximam. Sua audição

às vezes, em horas de sérios estudos,
perturba-se. O misterioso clamor
vem-lhe dos acontecimentos que se aproximam.
E, respeitosos, ficam atentos a ele. Enquanto na rua,
lá fora, nada escutam os povos.

MANUELAMADA

Fui a Camboinhas, em Niterói-RJ, ao batizado de minha sobrinha-neta Manuela. Essa menina chegou lindíssima e cheia de graças. Ofereci-lhe meu mais recente livro de poemas, "Águas de Saquarema", onde inscrevi esta dedicatória:

Manuela, eu batizo você nas águas da Poesia. Este é, certamente, o primeiro livro que você ganha. Acho que você ainda não sabe ler, mas sua mãe e seu pai poderão ler para você estes poemas como se fossem acalanto. Estes poemas cantam a mãe e o mar e você saberá, com o tempo, que as coisas mais belas do mundo são a mãe e o mar. Com seu nascimento, o Universo ficou mais belo, filha de Izzabelli & Astor. Tio-vô Latufelizardo.

Quando nos vimos pela primeira vez, Manuela me sorriu, adivinhando, talvez, a Poesia da vida, de que sou, mui modestamente, cantor.

ÁRVORE

Sempre contemplei a árvore como o ser mais perfeito do Universo: de natureza totalmente generosa, oferece frutos, sombra, aconchego e beleza, sem pedir nada, sem matar nada, sem competir. Só necessita de água e luz, que ela mesma busca. Só uma coisa me inquieta na árvore: o ser ela fixa num lugar. Peregrino desde menino, eu queria ser uma árvore, mas nunca poderia ficar enraizado. Mas a árvore, medito eu, sonha na copa e faz viagens com as raízes que vão, sabe Deus, até onde.

MÁRIO QUINTANA (1906-1994) DIXIT

A alma é essa coisa que nos pergunta se a alma existe.

A amizade é um amor que nunca morre.

A arte de viver é simplesmente a arte de conviver. Simplesmente, disse eu? Mas como é difícil!

A preguiça é a mãe do progresso. Se o homem não tivesse preguiça de caminhar, não teria inventado a roda.

Autodidata é um ignorante por conta própria.

Um bom poema é aquele que nos dá a impressão de que está lendo a gente... e não a gente a ele!

Como seriam belas as estátuas equestres se constassem apenas dos cavalos!

Despertador é bom para a gente se virar para o outro lado e dormir de novo.

No fundo, não há bons nem maus. Há apenas os que sentem prazer em fazer o bem e os que sentem prazer em fazer o mal. Tudo é volúpia.

Quantas vezes a gente, em busca da ventura,
Procede tal e qual o avozinho infeliz:
Em vão, por toda parte, os óculos procura
Tendo-os na ponta do nariz!

Não te irrites, por mais que te fizerem...
Estuda, a frio, o coração alheio.
Farás, assim, do mal que eles te querem,
Teu mais amável e sutil recreio...

O que me impressiona, à vista de um macaco, não é que ele tenha sido nosso passado: é este pressentimento de que ele venha a ser nosso futuro.

O segredo é não correr atrás das borboletas... É cuidar do jardim para que elas venham até você.

O tempo é um ponto de vista. Velho é quem é um dia mais velho que a gente.

Qualquer ideia que te agrade,
Por isso mesmo... é tua.
O autor nada mais fez que vestir a verdade
Que dentro em ti se achava inteiramente nua...

Quem pretende apenas a glória não a merece.

Tudo o que acontece é natural - inclusive o sobrenatural.

Que importa restarem cinzas se a chama foi bela e alta?


"Olho em redor do bar em que escrevo estas linhas.
Aquele homem ali no balcão, caninha após caninha,
nem desconfia que se acha conosco desde o início
das eras. Pensa que está somente afogando problemas
dele, João Silva... Ele está é bebendo a milenar
inquietação do mundo!"


Meu Quintana, os teus cantares
Não são, Quintana, cantares:
São, Quintana, quintanares.

Quinta-essência de cantares...
Insólitos, singulares...
Cantares? Não! Quintanares!

Quer livres, quer regulares,
Abrem sempre os teus cantares
Como flor de quintanares.

São cantigas sem esgares.
Onde as lágrimas são mares
De amor, os teus quintanares.

São feitos esses cantares
De um tudo-nada: ao falares,
Luzem estrelas luares.

São para dizer em bares
Como em mansões seculares
Quintana, os teus quintanares.

Sim, em bares, onde os pares
Se beijam sem que repares
Que são casais exemplares.

E quer no pudor dos lares.
Quer no horror dos lupanares.
Cheiram sempre os teus cantares

Ao ar dos melhores ares,
Pois são simples, invulgares.
Quintana, os teus quintanares.

Por isso peço não pares,
Quintana, nos teus cantares...
Perdão! digo quintanares.



Poeminho do Contra

Todos esses que aí estão
Atravancando meu caminho,
Eles passarão...
Eu passarinho!
(Prosa e Verso, 1978)

sexta-feira, 27 de novembro de 2009

FRIORENTÍSSIMO

Acostumados a me verem coberto da cabeça aos pés - cachecol, meias, boné, casacos (sou uma cebola, digo aos meus alunos, que me assistem tirando minhas peças de roupa em sala de aula) -, as pessoas estão estranhando minha indumentária despojada. Comentaram: está realmente fazendo calor, pois o Latuf está quase nu. Lembrei, então, que Kant costumava passear todos os dias às 5h da tarde e as pessoas acertavam seus relógios pelo passeio do filósofo. Já eu terei virado termômetro..

LEITORES

Encontrei, por acaso, na rua Everest Damasceno, que me confessou que sua namorada gosta de meus poemas sobre Saquarema. Pensei com meus botões: minha poesia está sendo trilha amorosa de uns tantos...

No consultório do Dr. José Mauro, ele me pediu um autógrafo no meu livro, que comprou na Livraria Templário, daqui de Saquarema: "Para aquele que cuida deste coração poético".

VIDAS

Ontem, na UFF, disse, pela enésima vez, à Profa. Lúcia Bravo, que devo minha carreira acadêmica ao Prof. Antônio Serra. Realcei que aquela resposta dele, quando de minha inscrição no concurso para professor de teoria da arte, mudou minha vida; um colega ao lado acrescentou: "Várias vidas!"

CENA DE AMOR MATERNO

Vi uma mulher caminhando ao sol escaldante. Atrás dela, vinha, caminhando à sua sombra, sua filhinha.

FLAMEJANTES FLAMBOYANTS

Completamente alumbrado, pergunto-me quem terá plantado os inúmeros flamboyants, que cobrem toda a Saquarema de um fogo primaveril enunciador do verão. Que seja bendita a mão da beleza!

SEMÂNTICA TEATRAL

Ontem, quando voltei da UFF, meu neto João Otávio Latuf disse-em, eufórico: "Vô, fiz, no teatro do colégio, o papel de mendingo". Corrigi-o: "Mendigo, meu Príncipe!". E ele retrucou: "Mendingo, mesmo, vô, porque até ganhei 10 reais!"

domingo, 22 de novembro de 2009

QUIPROQUÓ AÉREO

No vôo Salta/Buenos Aires, o professor de filosofia da Universidade de Buenos Aires, que estava a meu lado e proferira, como eu, palestra nas III Jornadas de Filosofía da UNSA (Universidad Nacional de Salta), me pçrguntou: "Cual es tu escuela?" Hesitei em responder e estava pensando em barthesiana ou platônica, quando ele, pressentindo a minha dúvida, esclareceu: "Escuela de samba". De chofre, respondi, "Mangueira"; ele informou-me a sua: "Salgueiro".

BIBLIOTECA NA BAGAGEM

Finalmente pude comprar as mais recentes "Obras completas", de Jorge Luis Borges. Fi-lo, no dia seguinte à minha chegada à Argentina, na livraria Rayuela, em Salta, no Norte argentino. Desde 1988, quando comecei meu mestrado em Teoria Literária na UFRJ, tenho a primeira edição das "Obras completas", de 1974, em um único volume, uma edição preciosíssima, embora incompleta, porque editada enquanto ainda vivia o escritor de "El Aleph". Para trazer, de avião, para o Brasil, tamanho tesouro, tive que comprar uma mala especial, que carreguei comigo o tempo todo do longo vôo, não querendo despachá-la. Aqui, nesta casa-biblioteca, acomodei os cinco volumes num oratório barroco, que ganhei, há anos, da Cláudia. Creio ser o melhor lugar para abrigar a obra de um agnóstico.
P.S. Quando anunciei ao Jorge Lovisolo, meu amicíssimo portenho, que havia comprado as "Obras completas" de Borges em cinco volumes, ele quase ficou irritado: "Cinco volúmines? Yo tengo solo cuatro". No dia seguinte, ele, já apaziguado, me disse ser o volume de poesia um volume especial, recolhendo todos os poemas que aparecem nos demais volumes. A este volume especial outorguei o mais belo lugar do meu oratório barroco.

SAQUAREMA ALWAYS REVISITED

Acabo de chegar de viagem e reencontro Saquarema sob feéricos flamboyants, anunciando o verão, que enche praias e praças. Não são bárbaros os veranistas, nós é que somos civilizados...

Todas as cores do mar, Uma leitura de “Águas de Saquarema”, de Latuf Isaías Mucci, Camilo Mota

Soube, através de um amigo, que outro amigo o questionara do porquê de eu ter me mudado para Saquarema. O que eu vira nessa cidade, tão pacata, tão à beira do Oceano Atlântico? A água, o mar, o céu, o sol e suas cores, aqui, parecem ter me cativado de uma maneira diferente de outras terras. O sol nasce manso pela manhã, e mais tarde se põe em cores variadas além das montanhas, refletindo um adeus iluminado nas ondulações da lagoa... ele diz em seu quase silêncio de luz que a vida é enorme quando contemplamos a nossa pequenez. E também as pessoas com seu jeito solar, quente, de falar amigo. Alguma coisa mineira, de antanho, me faz olhar esse mar com admiração.
E não a mim apenas isso tudo é cativante. Pois que o professor Latuf Isaías Mucci foi mais além e derramou em versos tudo o que sente acerca desta terra ainda admirável, com suas ondas, surfistas, cores feitas em molduras de gente. Mineiro como eu, veio ele ter em Saquarema o encontro mítico e real. Assim como Manuel Bandeira exaltava uma Pasárgada para onde poderia se refugiar e encontrar o ápice da vida em seu máximo prazer, também Latuf o faz, mas num sentido concreto: ele não busca a terra mítica, pois que já encontrou a terra real de seus sonhos. Em “Águas de Saquarema” (Saquarema, Tupy Comunicações, 2009), o poeta revela um amor tal pela região que o acolheu que, à maneira dos românticos em relação a suas amadas, recolhe em versos as sensações e sentimentos que norteiam sua vida sempre em direção à coisa amada. Torna-se, camonianamente, o amante na coisa amada? “Fora de Saquarema / Sou / peixe com mágoa / pássaro sem paz / ave avessa / exilado poético / asilado ilhado / (...) Fora de Saquarema / Nenhum zen me segura”, revela o poeta em sua “Canção do Idílio”, como um Gonçalves Dias pós-moderno a exaltar a falta que lhe faz sua amada pátria, cujos sabiás fazem verdadeiros ninhos na alma. E reforça sua relação com a terra, firmando raiz: “Não me vou mais embora daqui, / nem que me arrastem pelos cabelos / que já perdi há muito na cidade” (“Radicalmente”).
A proposta de Latuf poderia cair no lugar comum. Afinal, fazer um livro com uma temática de grande exaltação e paixão por um local em particular é um desafio. Mas aqui revela-se um mistério, que faz parte da alma do poeta e também de Saquarema. Há vibrações tais nessa terra em que a natureza se expressa de forma tão dinâmica, que ela própria se mostra constantemente em oferenda para a inspiração de cantos de amor, como os cantados por Latuf. E ele faz jus a esse chamado. Tal qual o marinheiro que se deixa inebriar pelo canto da Iara, Latuf navega nos cabelos de Iemanjá, surfa as ondas, e mostra-nos uma leitura extremamente lírica e zen do mar, um dos principais personagens do livro. “Os meus velhos olhos / nem se cansam de sonhar / estas ondas antigas / vagando em cantigas, danças densas” (“O mar, o mar”). O poeta não cai no lugar comum. Sua “face líquida” vai se moldando a cada novo encontro com sua amada. Antes, apela à simplicidade para dizer de seu amor, de sua valorização da vida, das pessoas, do afeto. É isso: Saquarema é um grande afeto na vida do poeta. E ele, qual um girassol caeiriano, se volta para o brilho dessa luz que se lhe revela a cada dia de uma maneira nova.
Há que se ler o livro de Latuf como quem saboreia as ondas, ou como quem sente a tessitura de uma folha de orquídea ou, ainda, como quem chupa uma suculenta manga em pleno verão. Seus versos em “Águas de Saquarema” são leves, para serem levados pelo vento fresco, pelo hálito de palavras ditas com amor, simplesmente com amor.

Camilo Mota é natural de São João Nepomuceno-MG (1965), reside em Saquarema desde 2003. É editor do Jornal Poiésis (www.jornalpoiesis.com), membro titular da Academia Brasileira de Poesia, e membro honorífico da International Writers and Artists Association (IWA).

Siempre se vuelve a Buenos Aires, de Eladia Blázquez y Astor Piazzolla

Esta ciudad está embrujada, sin saber...
por el hechizo cautivante de volver.
No sé si para bien, no sé si para mal,
volver tiene la magia de un ritual.
Yo soy de aquí, de otro lugar no puedo ser...
¡Me reconozco en la costumbre de volver!
A reencontrarme en mí, a valorar después,
las cosas que perdí... ¡La vida que se fue!

Llegué y casi estoy, a punto de partir...
Sintiendo que me voy, y no me quiero ir.
Doblé la esquina de mi misma, para comprender,
¡que nadie escapa al fatalismo de su propio ser!
Y estoy pisando las baldosas,
¡floreciéndome las rosas por volver...!

Esta ciudad no se si existe, si es así...
¡O algún poeta la ha inventado para mí!
Es como una mujer, profética y fatal
¡pidiendo el sacrificio hasta el final!
Pero también tiene otra voz, tiene otra piel;
y el gesto abierto de la mesa de café...
El sentimiento en flor, la mano fraternal
y el rostro del amor en cada umbral.

Ya sé que no es casual, haber nacido aquí
y ser un poco asi... triste y sentimental.
Ya sé que no es casual, que un fueye por los dos,
nos cante el funeral para decir... ¡Adiós!
Decirte adiós a vos... ya ves, no puede ser.
Si siempre y siempre sos, ¡una razón para volver!

Siempre se vuelve a Buenos Aires, a buscar
esa manera melancólica de amar...
Lo sabe sólo aquel que tuvo que vivir
enfermo de nostalgia... ¡Casi a punto de morir!...

sexta-feira, 13 de novembro de 2009

AFORISMO DE JORGE LOVISOLO

En el oxímoron las palabras se sacan chispas que iluminan la huidiza verdad

Jorge Luis Borges dixit!

"Que otros se jacten de las páginas que han escrito; a mi me enorgullecen las que he leído."

quarta-feira, 11 de novembro de 2009

ANIVERSÁRIO, FERNANDO PESSOA (1888-1935)

No tempo em que festejavam o dia dos meus anos,
Eu era feliz e ninguém estava morto.
Na casa antiga, até eu fazer anos era uma tradição de há séculos,
E a alegria de todos, e a minha, estava certa como uma religião qualquer.

No tempo em que festejavam o dia dos meus anos,
Eu tinha a grande saúde de não perceber coisa nenhuma,
De ser inteligente para entre a família,
E de não ter as esperanças que os outros tinham por mim.
Quando vim a ter esperanças, já não sabia ter esperanças.
Quando vim a olhar para a vida, perdera o sentido da vida.

LUIS DE LEÓN

Vivir quiero conmigo,
gozar quiero del bien que debo al Cielo,
a solas, sin testigo,
libre de amor, de celo,
de odio, de esperanza, de recelo.

JAIMES FREYRE

Peregrina paloma imaginaria
que enardeces los últimos amores;
alma de luz, de música y de flores,
peregrina paloma imaginaria.

domingo, 8 de novembro de 2009

AMORES DEFINITIVOS

Quanto mais ando pelo mundo e pelo Brasil, mais amo o meu País.
Quando saio de Saquarema, só penso em voltar a Saquá.

sábado, 7 de novembro de 2009

KITSCH, CURSI, BREGA

A saudade é uma cãimbra incurável.


PS A própria palavra "cãimbra" já é, em si mesma,a própria cafonice...

sábado, 31 de outubro de 2009

RODA DE LEITURA ROSEANA MURRAY

A RODA DE LEITURA ROSEANA MURRAY RODA EM SUA 13ª. EDIÇÃO

Prof. Dr. Latuf Isaias Mucci

Depois de um breve interregno, devido à viagem à Espanha, aonde Roseana Murray fora conhecer seu primeiro neto, Luís, nascido em Granada, a Roda de Leitura voltou a girar, dia 23 de outubro do ano em curso, contando, então, com a presença, além dos professores e alunos das escolas municipais “Padre Manuel” (Bacaxá), “Elaine de Oliveira Coutinho” (Água Branca) e “Luciana Santa Coutinho” (Porto da Roça), com convidados especiais: a Profa. Rosângela Sivelli de Miranda, da Escola Municipal Barão Homem de Melo (Vila Isabel, Rio de Janeiro) e de professoras da Secretaria de Educação de São Gonçalo-RJ. Como em todas as edições, a Secretaria de Educação de Saquarema – promotora do evento, no que tange à convocação das Escolas, não arcando com as despesas de fotocópias e lanches, que ficam por conta da Anfitriã – fez-se presente pela Profa. Dodora e pelo Prof. Valdinei. Quem tem acesso às numerosas fotos tiradas da Roda dá-se conta da magnitude do encontro literário, que vai, a cada edição, retomando novos fôlegos e agregando mais pessoas, entusiasmadas com o projeto e sua ímpar realização. De fato, apenas Saquarema, e agora, Paraty, a partir do conhecimento do que se faz aqui, tem, em suas escolas municipais, uma “Roda de leitura”, que consta na grade curricular, com sala própria e não implicando provas, exames, notas. A iniciativa nasceu da proposta de Roseana Murray e das rodas de leitura, que têm acontecido, regularmente, em sua casa.
Pela primeira vez, Roseana manteve escancarados os portões de sua mansão a fim de, segundo ela, nos fazerem ver, o tempo todo, o mar e seu horizonte de ondas; também a música marítima nos chegava mais forte e acolhedora.
É fundamental a preparação da Roda de Leitura, quando Roseana escolhe os textos a serem lidos e comentados, bem como os acepipes a serem servidos aos convivas literários. Qual seria o conto desta 13ª. Roda de Leitura? Sempre sugiro um conto brasileiro e como já nos tínhamos debruçado sobre Machado de Assis (1839-1908), Cecília Meireles (1901-1964) e Clarice Lispector (1920-1977), indiquei Mário de Andrade (1893-1945), cujo conto “O peru de Natal” é absolutamente arrebatador.
Como de costume, Roseana Murray tomou um jornal para inaugurar aquela Roda, mas, ao invés de ler notícias sobre a leitura, apresentou um texto de Herta Muller, nascida na Romênia, de nacionalidade alemã, desconhecida do grande público e dos especialistas, embora ganhadora, este ano, do prêmio Nobel de Literatura , por "com a densidade da sua poesia e a franqueza da sua prosa, retratar o universo dos desapossados". Com tradução de Ingrid de Freitas, o texto, que mistura lirismo e imagnes de um estupendo surrealismo, “Varredores de rua” não pode classificar-se como conto, tendo, sobretudo, traços de poema em prosa: “(...) Caminho atrás de mim, caio fora de mim sobre as margens de minhas imaginações. O parque late ao meu lado. As corujas comem os beijos que ficaram sobre os bancos. As corujas não dão por minha presença. Os cansados e estafados sonhos acocoram-se nos arbustos. As vassouras varrem-me as costas porque me apoio muito na noite. Os varredores de rua varrem as estrelas formando uma pilha, varrem-nas sobre suas pás e as esvaziam no canal. (...) Agora, todos os varredores falam e misturam todas as ruas. Caminho através de seus gritos, através da espuma de seus chamados e quebro e caio na profundidade das significações. Dou passos grandes. Arranco minhas pernas com o andar. O caminho foi varrido para longe. As vassouras caem sobre mim. Tudo dá voltas sobre si. A cidade erra sobre o campo, para algum lugar”. À leitura, os presentes, extasiados com a poesia, foram fazendo conexões com outros textos, como “Tecendo a manhã”, do pernambucano João Cabral de Melo Neto (1920-1999) e Manu, romance do alemão Michael Ende (1929-1995). Todo professor representa um varredor de rua, na medida em que faz a linguagem sair do seu lugar e, nesse processo metonímico, leva os alunos a repensarem seu lugar, tanto na linguagem quanto no próprio mundo. No poema-em-prosa não há um centro, dado que as palavras-vassouras movem-se, removem as estrelas e encontram vestígios de beijos, roubados ou não. Com sua sedutora fragmentação, o texto de Herta Muller convoca seu leitor a recompor um todo, um todo móvel e comovente. As metáforas do texto criam uma atmosfera onírica, que envolve cada um de nós, errantes. Lembrei-me de um poema “O varredor”, lido em minha remotíssima infância, e que era da autoria de Dom Marcos Barbosa (1915-1997), monge beneditino mineiro, tradutor de O pequeno príncipe: “Varredor, que varres a tua/ tu varres o reino de Deus”.
Antes da leitura do conto, Roseana solicitou que eu fizesse breve apresentação de Mário de Andrade, de cuja obra me ocupo desde 2000, quando, na USP, desenvolvi pesquisa de pós-doutoramento em letras clássicas e vernáculas. Falei do autor de Macunaíma (1928) como se fala de uma pessoa a quem se ama muito e que se admira imensamente. Junto com a maresia, eu respirava e exalava alegria ao tratar, em rápidos traços, daquele que foi o protagonista da Semana de Arte Moderna, em São Paulo, em fevereiro de 1922; artista de 1001 instrumentos, que executou com excelência, Mário de Andrade emblema, para mim, o brasileiro, eruditíssimo e ligado às raízes populares, atento à sua nacionalidade e ao seu comprometimento para com um Brasil mais humano e mais digno dos brasileiros.
Considerado um conto-paradigma na literatura de língua portuguesa, o conto O peru de Natal foi lido como uma performance por Roseana Murray, que parecia uma atriz em um palco frente ao mar. Todos ríamos muito do humor, fino e cáustico, que impregna o texto todo, mas nenhuma gargalhada era mais gostosa do que a do Juan, nosso anfitrião, espanhol de nascimento, mas saquaremense de iure et de facto; com meus botões, eu me perguntava de como um espanhol poderia usufruir tão intensamente um texto, tramado em português lapidar. Jornalista internacional e escritor de vários best-sellers, Juan Arias terá algum parentesco com Mário de Andrade, também jornalista, por profissão. Juan dizia que o humor daquele conto não é óbvio, mas tem uma genial sutileza e uma saborosa sabedoria. A certa altura do gostosíssimo conto, por exemplo, Juca, o filho festivo, narra: “Comprou-se o peru, fez-se o peru, etc. E depois de uma Missa do Galo bem mal rezada, se deu o nosso mais maravilhoso Natal (...). Bom, principiou-se a comer em silêncio, lutuosos, e o peru estava perfeito. A carne mansa, de um tecido muito tênue boiava fagueira entre os sabores das farofas e do presunto, de vez em quando ferida, inquietada e redesejada, pela intervenção mais violenta da ameixa preta e o estorvo petulante dos pedacinhos de noz. Mas papai sentado ali, gigantesco, incompleto, uma censura, uma chaga, uma incapacidade. E o peru, estava tão gostoso, mamãe por fim sabendo que peru era manjar mesmo digno de Jesusinho nascido”.
Se texto puxa texto, conto puxa conto e vários dos participantes da Roda relembraram suas cenas de ceia de Natal em família. Roseana chamou a atenção para um elo entre o primeiro texto e o conto: lá, como cá, escreve-se em tempos de ditadura e o pai cinzento do conto pode figurar o ditador do regime comunista da Romênia: são milagres da ficção literária que faz com que textos se encontrem e se enlacem, abolindo fronteiras de tempo e espaço. Como pó, as palavras flutuam e vão pousar numa página em branco qualquer, que algum leitor – sabe-se lá onde e quando – há-de manusear. Considerado o louco da família, uma espécie de “menino maluquinho”, fiz notar que o narrador do conto remete ao próprio Mário de Andrade que, certa vez, foi taxado de louco pela família, pelo fato de ter comprado por um preço caríssimo a cabeça de um Cristo com trancinhas (um rastafári), esculpida pelo paulista Victor Brecheret (1894-1955); a partir do xingamento familiar, Mário pôde usufruir de sua condição de louco varrido. Na coleção particular de Mário de Andrade, conservada no IEB (Instituto de Estudos Brasileiros), da USP, pode-se contemplar esse Cristo-Bob Marley. Até porque o conto é bastante cênico, alguns participantes mencionaram filmes famosos, como A festa de Babete, dirigido, em 1987, pelo dinamarquês Gabriel Axel, baseado no romance homônimo de Izac Dinesen e Chocolate (2000), de Lasse Hallstrom. Falei de um outro conto, que tematiza uma festa em família – Festa de aniversário -, de Clarice Lispector; mas, contrariamente à alegria exuberante de “O peru de Natal”, o conto que trata do 85º. aniversário da matriarca tem tons nitidamente sombrios, lúgubres, céticos: a ironia demolidora de Clarice contrasta com a ironia inaugural de Mário de Andrade, que tem “felicidade clandestina”, “felicidade nova”, “felicidade maiúscula”.
Com tanto gosto pelo texto, passamos à farta mesa, onde protagonizavam bolos e pães recheados, feitos frescamente por Roseana, que sempre declara gostar mais de cozinhar do que de escrever. Mas, em sua cozinha, face ao Atlântico, ela também elabora poemas que rodam o mundo e fazem girar corações e mentes.
Será a Roda de Leitura um grande poema, composto por inúmeras e anônimas mãos.

GABRIEL LATUF, O PRÍNCIPE ANIVERSARIANTE

Gabriel, ou Gael, completa, hoje, três anos de pura felicidade e grandes travessuras. Saímos para comprar-lhe um par de tênis. No carro, em direção ao "Shopping", ele, subitamente, tomou minha mão direita e a beijou.

AD PERPETUAM REI MEMORIAM

meu querido mestre,
li, embevecido, seu resumo.
gosto do seu texto.
amo o seu discurso.
admiro o seu poder de síntese.
fico embasbacado com a sua erudição...
está perfeito...

Joel Cardoso/UFPA

sexta-feira, 30 de outubro de 2009

PALÍNDROMO/TAUTOLOGIA

SABE O QUE É UM PALÍNDROMO? NÃO?! Um palíndromo é uma palavra ou um número que se lê da mesma maneira nos dois sentidos, normalmente, da esquerda para a direita e ao contrário.

Exemplos:
OVO, OSSO, RADAR.
O mesmo se aplica às frases, embora a coincidência seja tanto mais difícil de conseguir quanto maior a frase;
é o caso do conhecido:

SOCORRAM-ME, SUBI NO ONIBUS EM MARROCOS.

Diante do interesse pelo assunto (confesse, já leu a frase ao contrário), tomei a liberdade de seleccionar alguns dos melhores palíndromos da língua de Camões... Se souber de algum, acrescente e passe adiante.


ANOTARAM A DATA DA MARATONA

ASSIM A AIA IA A MISSA

A DIVA EM ARGEL ALEGRA-ME A VIDA

A DROGA DA GORDA

A MALA NADA NA LAMA

A TORRE DA DERROTA

LUZA ROCELINA, A NAMORADA DO MANUEL, LEU NA MODA DA ROMANA:
ANIL É COR AZUL

O CÉU SUECO

O GALO AMA O LAGO

O LOBO AMA O BOLO

O ROMANO ACATA AMORES A DAMAS AMADAS E ROMA ATACA O NAMORO

RIR, O BREVE VERBO RIR

A CARA RAJADA DA JARARACA

SAIRAM O TIO E OITO MARIAS

ZÉ DE LIMA RUA LAURA MIL E DEZ PROFUUUUUUNDO!
ISSO É QUE É CULTURA!!!!





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Sabem o que é TAUTOLOGIA?

É o termo usado para definir um dos vícios de linguagem.
Consiste na repetição de uma ideia, de maneira viciada, com palavras diferentes, mas com o mesmo sentido.
O exemplo clássico é o famoso 'subir para cima' ou o 'descer para baixo'.
Mas há outros, como pode ver na lista a seguir :


- elo de ligação
- acabamento final
- certeza absoluta
- quantia exacta
- nos dias 8, 9 e 10, inclusive
- juntamente com
- expressamente proibido
- em duas metades iguais
- sintomas indicativos
- há anos atrás
- vereador da cidade
- outra alternativa
- detalhes minuciosos
- a razão é porque
- anexo junto à carta
- de sua livre escolha
- superávit positivo
- todos foram unânimes
- conviver junto
- facto real
- encarar de frente
- multidão de pessoas
- amanhecer o dia
- criação nova
- retornar de novo
- empréstimo temporário
- surpresa inesperada
- escolha opcional
- planear antecipadamente
- abertura inaugural
- continua a permanecer
- a última versão definitiva
- possivelmente poderá ocorrer
- comparecer em pessoa
- gritar bem alto
- propriedade característica
- demasiadamente excessivo
- a seu critério pessoal
- exceder em muito

Note que todas essas repetições são dispensáveis.

Por exemplo, 'surpresa inesperada'.

Fique atento às expressões que utiliza no seu dia-a-dia.

ASSIM FALOU DRUMMOND

Se procurar bem você acaba encontrando.
Não a explicação (duvidosa) da vida,
Mas a poesia (inexplicável) da vida.

Procura da Poesia, Carlos Drummond de Andrade (1902-1987)

Não faças versos sobre acontecimentos.
Não há criação nem morte perante a poesia.
Diante dela, a vida é um sol estático,
não aquece nem ilumina.
As afinidades, os aniversários, os incidentes pessoais não contam.
Não faças poesia com o corpo,
esse excelente, completo e confortável corpo, tão infenso à efusão lírica.

Tua gota de bile, tua careta de gozo ou de dor no escuro
são indiferentes.
Nem me reveles teus sentimentos,
que se prevalecem do equívoco e tentam a longa viagem.
O que pensas e sentes, isso ainda não é poesia.

Não cantes tua cidade, deixa-a em paz.
O canto não é o movimento das máquinas nem o segredo das casas.
Não é música ouvida de passagem, rumor do mar nas ruas junto à linha de espuma.

O canto não é a natureza
nem os homens em sociedade.
Para ele, chuva e noite, fadiga e esperança nada significam.
A poesia (não tires poesia das coisas)
elide sujeito e objeto.

Não dramatizes, não invoques,
não indagues. Não percas tempo em mentir.
Não te aborreças.
Teu iate de marfim, teu sapato de diamante,
vossas mazurcas e abusões, vossos esqueletos de família
desaparecem na curva do tempo, é algo imprestável.

Não recomponhas
tua sepultada e merencória infância.
Não osciles entre o espelho e a
memória em dissipação.
Que se dissipou, não era poesia.
Que se partiu, cristal não era.

Penetra surdamente no reino das palavras.
Lá estão os poemas que esperam ser escritos.
Estão paralisados, mas não há desespero,
há calma e frescura na superfície intata.
Ei-los sós e mudos, em estado de dicionário.
Convive com teus poemas, antes de escrevê-los.
Tem paciência se obscuros. Calma, se te provocam.
Espera que cada um se realize e consume
com seu poder de palavra
e seu poder de silêncio.
Não forces o poema a desprender-se do limbo.
Não colhas no chão o poema que se perdeu.
Não adules o poema. Aceita-o
como ele aceitará sua forma definitiva e concentrada
no espaço.

Chega mais perto e contempla as palavras.
Cada uma
tem mil faces secretas sob a face neutra
e te pergunta, sem interesse pela resposta,
pobre ou terrível, que lhe deres:
Trouxeste a chave?

Repara:
ermas de melodia e conceito
elas se refugiaram na noite, as palavras.
Ainda úmidas e impregnadas de sono,
rolam num rio difícil e se transformam em desprezo.

quarta-feira, 28 de outubro de 2009

"Inconstância", FLORBELA ESPANCA

Procurei o amor, que me mentiu.
Pedi à vida mais do que ela dava;
Eterna sonhadora edificava
Meu castelo de luz que me caiu!

Tanto clarão nas trevas refulgiu,
E tanto beijo a boca me queimava!
E era o sol que os longes deslumbrava
Igual a tanto sol que me fugiu!

Passei a vida a amar e a esquecer...
Atrás do sol dum dia outro a aquecer
As brumas dos atalhos por onde ando...

E este amor que assim me vai fugindo
É igual a outro amor que vai surgindo,
Que há-de partir também... nem eu sei quando...

segunda-feira, 26 de outubro de 2009

Heráclito, frag.103.

"Princípio e fim se reúnem na circunferência do círculo".

JEAN GUITTON, DA ACADEMIA FRANCESA

"Ensinar é sempre escutar primeiro, pôr-se no lugar do outro, utilizar a sua linguagem, esquecer-se a si próprio. Depois, é também, falando para todos, tentar dirigir-se a alguém, é 'dizer algo a alguém'; e, com o desejo de 'educar' o seu público, abrir-lhe um horizonte até aí ignorado, fazer com que alcance perspectivas mais altas - a fim de que, tendo-vos escutado, o auditor esteja mais bem informado, mais apto a exercer a sua missão de homem."

sábado, 24 de outubro de 2009

A mãe da Praia de Botafogo, Maria Clara

A mãe da Praia de Botafogo

A mãe de mármore branco,
em volta assentam-se os bancos,
fica exposta na praça.

Lá, contemplam os pássaros
os meninos aninhados
em seios frios e aconchegantes.

O leite é de um tempo congelado e distante.

Os meninos de rua
sem marquise ou telhado
todos ali se encontram
nos braços roliços da estátua
de imaculado mármore branco.



24/10/2009

sexta-feira, 23 de outubro de 2009

INSÔNIA DICIONARÍSTICA

Se há uma coisa que me tira, literalmente, o sono, são os verbetes que venho compondo para o EDTL (Eletrônico Dicionário de Termos Literários"), organizado por Carlos Ceia, da Universidade Nova de Lisboa. Tenho paixão por dicionários, que, desde minha mais tenra infância, consulto e leio, como se fossem romances. Na revista "Matraga", da UERJ, li, certa vez, um ensaio belíssimo "Alegoria", assinado pelo professor português, que anunciava a edição de um dicionário de termos literários. Desde aquele longínquo ano de 2000, comecei a procurar, ansiosamemente, o tal dicionário, que vim a encontrar "online" e de que me tornei o mais fecundo colaborador. Adoro escrever meus verbetes e até penso em me aponsentar para dedicar-me 25hs, ao dia, à fatura de entradas. Noite passada, tive aquela que, no conto "Peru de Natal", o nosso amoroso Mário de Andrade (1893-1945) chama de "insõnia feliz"; eu não conseguia dormir, porque me rodopiava na imaginação, na memória, na razão, um verbete que quero tecer: "fragmento". Levantei-me da cama incômoda e tracei algumas linhas, alguns fragmentos, algumas idéias do que virá a ser o meu novo verbete, sonho que me acorda e me faz feliz. Muito em breve, hei de ver-me, fragmetária e totalmente, em mais um verbete "online".

FESTIVAL CARIOCA DE POESIA

www.grupopoesiasimplesmente.blogspot.com

quinta-feira, 22 de outubro de 2009

METAPHOR REVISITED

Sempre soube que a expressão "céu da boca" constitui uma catacrese, vale dizer, uma metáfora desagastada ou, como digo a meus alunos, uma metáfora esclerosada. Ontem (já foi ontem, pois agora já é madrugada), minha dentista carioca, Ingrid, disse-me, feliz e garbosa, que tenho um céu da boca profundo. Viva a metáfora rediviva!

LA ABUELITA MARGARITA, CURANDERA, GUARDIANA DE LA SABIDURÍA MAYA

Cuando necesito algo, me lo pido a mí misma

Tengo 71 años. Nací en el campo, en el estado de Jalisco (México), y vivo en la montaña. Soy viuda, tengo dos hijas y dos nietos de mis hijas, pero tengo miles con los que he podido aprender el amor sin apego. Nuestro origen es la madre tierra y el padre sol. He venido a la Fira de la Terra para recordarles lo que hay dentro de cada uno.
-¿Dónde vamos tras esta vida?

-¡Huy hija mía, al disfrute! La muerte no existe. La muerte simplemente es dejar el cuerpo físico, si quieres.
-¿Cómo que si quieres...?

-Te lo puedes llevar. Mi bisabuela era chichimeca, me crié con ella hasta los 14 años, era una mujer prodigiosa, una curandera, mágica, milagrosa. Aprendí mucho de ella.
-Ya se la ve a usted sabia, abuela.

-El poder del cosmos, de la tierra y del gran espíritu está ahí para todos, basta tomarlo. Los curanderos valoramos y queremos mucho los cuatro elementos (fuego, agua, aire y tierra), los llamamos abuelos. La cuestión es que estaba una vez en España cuidando de un fuego, y nos pusimos a charlar.
-¿Con quién?

-Con el fuego. "Yo estoy en ti", me dijo. "Ya lo sé", respondí. "Cuando decidas morir retornarás al espíritu, ¿por qué no te llevas el cuerpo?", dijo. "¿Cómo lo hago?", pregunté.
-Interesante conversación.

-"Todo tu cuerpo está lleno de fuego y también de espíritu -me dijo-, ocupamos el cien por cien dentro de ti. El aire son tus maneras de pensar y ascienden si eres ligero. De agua tenemos más del 80%, que son los sentimientos y se evaporan. Y tierra somos menos del 20%, ¿qué te cuesta cargar con eso?".
-¿Y para qué quieres el cuerpo?

-Pues para disfrutar, porque mantienes los cinco sentidos y ya no sufres apegos. Ahora mismo están aquí con nosotras los espíritus de mi marido y de mi hija.
-Hola.

-El muertito más reciente de mi familia es mi suegro, que se fue con más de 90 años. Tres meses antes de morir decidió el día. "Si se me olvida -nos dijo-, me lo recuerdan". Llegó el día y se lo recordamos. Se bañó, se puso ropa nueva y nos dijo: "Ahora me voy a descansar". Se tumbó en la cama y murió.

Eso mismo le puedo contar de mi bisabuela, de mis padres, de mis tías...
-Y usted, abuela, ¿cómo quiere morir?

-Como mi maestro Martínez Paredes, un maya poderoso. Se fue a la montaña: "Al anochecer vengan a por mi cuerpo". Se le oyó cantar todo el día y cuando fueron a buscarle la tierra estaba llena de pisaditas. Así quiero yo morirme, danzando y cantando. ¿Sabe lo que hizo mi papá?
-¿Qué hizo?

-Una semana antes de morir se fue a recoger sus pasos. Recorrió los lugares que amaba y a la gente que amaba y se dio el lujo de despedirse. La muerte no es muerte, es el miedo que tenemos al cambio. Mi hija me está diciendo: "Habla de mí", así que le voy a hablar de ella.
-Su hija, ¿también decidió morir?

-Sí. Hay mucha juventud que no puede realizarse, y nadie quiere vivir sin sentido.
-¿Qué merece la pena?

-Cuando miras a los ojos y dejas entrar al otro en ti y tú entras en el otro y te haces uno. Esa relación de amor es para siempre, ahí no hay hastío. Debemos entender que somos seres sagrados, que la tierra es nuestra madre y el sol nuestro padre. Hasta hace bien poquito los huicholes no aceptaban escrituras de propiedad de la tierra. "¿Cómo voy a ser propietario de la madre tierra?", decían.
-Aquí la tierra se explota, no se venera.

-¡La felicidad es tan sencilla!, consiste en respetar lo que somos, y somos tierra, cosmos y gran espíritu. Y cuando hablamos de la madre tierra, también hablamos de la mujer que debe ocupar su lugar de educadora.
-¿Cuál es la misión de la mujer?

-Enseñar al hombre a amar. Cuando aprendan, tendrán otra manera de comportarse con la mujer y con la madre tierra. Debemos ver nuestro cuerpo como sagrado y saber que el sexo es un acto sagrado, esa es la manera de que sea dulce y nos llene de senti-do. La vida llega a través de ese acto de amor. Si banalizas eso, ¿qué te queda? Devolverle el poder sagrado a la sexualidad cambia nuestra actitud ante la vida. Cuando la mente se une al corazón todo es posible. Yo quiero decirle algo a todo el mundo...
-...

-Que pueden usar el poder del gran espíritu en el momento que quieran. Cuando entiendes quién eres, tus pensamientos se hacen realidad. Yo, cuando necesito algo, me lo pido a mí misma. Y funciona.
-Hay muchos creyentes que ruegan a Dios, y Dios no les concede.

-Porque una cosa es ser limosnero y otra, ordenarte a ti mismo, saber qué es lo que necesitas. Muchos creyentes se han vuelto dependientes, y el espíritu es totalmente libre; eso hay que asumirlo. Nos han enseñado a adorar imágenes en lugar de adorarnos a nosotros mismos y entre nosotros.
-Mientras no te empaches de ti mismo.

-Debemos sutilizar nuestra sombra, ser más ligeros, afinar las capacidades, entender. Entonces es fácil curar, tener telepatía y comunicarse con los otros, las plantas, los animales. Si decides vivir todas tus capacidades para hacer el bien, la vida es deleite.
-¿Desde cuándo lo sabe?

-Momentos antes de morir mi hija me dijo: "Mamá, carga tu sagrada pipa, tienes que compartir tu sabiduría y vas a viajar mucho. No temas, yo te acompañaré". Yo vi con mucho asombro como ella se incorporaba al cosmos. Experimenté que la muerte no existe. El horizonte se amplió y las percepciones perdieron los límites, por eso ahora puedo verla y escucharla, ¿lo cree posible?
-Sí.

-Mis antepasados nos dejaron a los abuelos la custodia del conocimiento: "Llegará el día en que se volverá a compartir en círculos abiertos". Creo que ese tiempo ha llegado.

quarta-feira, 21 de outubro de 2009

RICHARDSON VALLE

LATUFAMADO,
aabei de chegar em CASA, CABO FRIO, depois de 40 dias,
num profundo mergulho ESPIRITUAL NOS ANDES PERUANOS.
LATUFAMADO, falei muito de você, de nosso AMOR, do quanto
você é um SER ESPECIALÍSSIMO, "GUIA, GURU, CONSELHEIRO,
ORIENTADOR de seus alunos, que o AMAM à ponto de imita-lo,
em roupas, atitudes e trejeitos.
LATUFAMADO, minha despedida de CUSCO, foi no tradicionálissimo CLUB DE QOSQO, numa LINDA reunião,
com escritores, poetas, músicos, cantores e cantoras, uma reunião onde as artes ACONTECERAM, AO VIVO E À CORES!!!
Quanto ao livro citado, o autor só pode(póstumamente) se sentir honrado com sua GENEROSIDADE.
Beijos SAUDOSOS.
Richardson Valle
PAZ, LUZ, AMOR
VIVER SIMPLES
UNIÃO

ARIANA ANDRADE

“Deus” virtual

Como sabemos, o blog não é um gênero textual. O blog serve como um veículo de comunicação entre autor e leitor. Antes da era da internet, os autores com idéia de revolucionar o cenário literário, buscavam participar ativamente da publicação de seus exemplares e ousavam aproximar-se mais dos leitores. Para isso hoje existem os blogs. O blog que analisarei aqui foi um presente de uma amiga para o seu autor. No início ele não se interessava muito pelo assunto, mas depois acabou se rendendo a essa nova tecnologia.
O blog do Professor Latuf é um veículo simples e de fácil acesso. Composto por textos dele e daqueles que comungam do desejo de escrever. Seu blog é apresentado pelo amigo Juan Arias que é casado com sua também amiga Rosane Murray. Vejo-o como uma espécie de diário entre amigos. Latuf escreve, seus amigos escrevem e juntos nos proporcionam alguns minutos mágicos e de sabedoria com suas mensagens. Mensagens essas que algumas vezes narram acontecimentos de sua vida: uma viagem ou casamento de uma grande amiga. Outras vezes são textos que auxiliam a nós, pobres iniciantes no ramo literário a alçar vôos maiores.
As mensagens do blog nem sempre são atualizadas diariamente. Como o próprio Latuf disse, ele só escreve quando tem vontade e por prazer. Ler o seu blog é ter a oportunidade de mergulhar um pouquinho em seu mundo. É deixar-se embriagar pela literatura. É estar próximo dele ainda que a quilômetros de distância.
Latuf é amado por seus alunos e a prova disso é que antes mesmo de terminar a graduação, eu já ouvia falar dele, de seu blog e de sua carreira como professor. Para mim ele era um mito, uma espécie de “deus” que fora cultuado por meus mestres na graduação Rodrigo Araújo e Luiz Guaracy. Hoje, para mim, ele continua sendo um mito, só que muito mais real do que eu imaginava, de carne, osso, espírito e acima de tudo sensível e simples. Latuf é para mim através de seu blog um “deus” virtual.

DUST IN THE WIND

I close my eyes, only for a moment, and the moment's gone
All my dreams, pass before my eyes, a curiosity
Dust in the wind, all they are is dust in the wind.
Same old song, just a drop of water in an endless sea
All we do, crumbles to the ground, though we refuse to see

Dust in the wind, all we are is dust in the wind

[Now] Don't hang on, nothing lasts forever but the earth and sky
It slips away, and all your money won't another minute buy.

Dust in the wind, all we are is dust in the wind
Dust in the wind, everything is dust in the wind.

terça-feira, 20 de outubro de 2009

VITÓRIA-CUPIDO

Vitorinha acaba de colher, no jasmineiro-do-cabo, logo à entrada do jardim de sua casa, uma for, que ela oferece ao Guto - o parafinado cachorro familiar - e, amorosa, me diz: "Vô, é para ele dar para a namorada dele". A namorada do Guto, Vitorinha, chama-se Ciociolina e mora na casa do vizinho, informei à menina-Cupído.

LULI OSWALD, POR CONSTANÇA T.

Olá
Foi com surpresa que encontrei seu Blog comentando estórias de minha mãe...algumas verdadeiras outras nem tanto.
Vou tentar ajudar com alguns fatos:
Desde pequena sempre soubemos sobre o Rubinstein..eu tinha inclusive retrato dele com dedicatória. A mãe era o mistério que finalmente veio a tona..claro minha avó Mimma já tinha falecido e o assunto foi abordado mais abertamente.Uma princesa italiana que ficou grávida de um desconhecido pianista polones e judeu..Imagine minha avó Mimma Oswald Marchesini toda católica e sempre na Igreja se aceitaria falar sobre esse "infeliz deslize' de uma italiana nobre com um judeu.Ela que afirmava que os judeus mataram Jesus..(sem mencionar que ele era tbm) rsrsrsrrsrs
Nunca...foi atravéz de uma carta de meu avô Eduardo Marchesini que tive a certeza com todas as letras, nomes e sobrenomes.
Mais tarde um livro foi publicado sobre a vida de Rubisntein e seu nome aparece como uma das filhas pelo mundo. Existe outro lá no México. Esse livro ainda existe.
Na verdade o nome da mamãe seria Marie Luize Thereze, filha do pecado, do amor, da loucura e da paixão rápida do sr.Rubinstein.
Recebida por Henrique Oswald e entregue ao jovem casal que não conseguiam ter filhos...alí foi criada tocando piano lindamente desde mto pequena.Com apenas 5 anos de idade deu um concerto..tinha o talento do pai..diziam.
A mãe verdadeira foi bastante esquecida por muito tempo, ninguem falava dela afinal era uma familia de músicos..
Soube que tinha cabelos 1/2 ruivos, gostava de uma noitada e se casou 2 vezes sempre corretamente ou seja com outros nobres.
Mas na Italia quase todo mundo é nobre, inclusive o vovô Eduardo Marchesini..(Marquês).
Saquarema para minha mãe era uma paixão..pequenas obras tbm.
Marcia que é comentada em seu Blog, teve o acidente a caminho de lá..e devido a gravidade e sérias lesões cerebrais foi morar ali em vez de ficar internada em alguma clinica psiquiatrica. Teve liberdade, a própria casa e bicicleta para ir e vir.
Se divertiu como pode.
Realmente foi lá que mamãe faleceu.. Marcia veio ao R.J pega-la pois achava mais saudável, que ficar em um apartamento pequeno na Glória (perto do Municipal e Sala Cecilia Meireles claro..) para se recuperar de uma cirurgia a contra gosto de todos.. é..infelismente mamãe adorava uma doença..médicos, cirurgias, remédios, artigos médicos, etc. Uma pena.
Quase todos nós filhos fomos obrigados a fazer operações de ependice, amidalas, etc.
A estória do ET eu sempre brinquei sobre a carona que pegou no dia do acontecimento..pois era um amigo de meus irmãos que fumava muita maconha, mas muita e deve ter fumado dentro do carro sem ela saber o que era..O efeito com certeza alterou a percepção e "entrou na onda" do garotão vendo coisas, etc..
Porque ela seria abduzida??Os dois por horas??
Não acredito..mesmo. Confio mais no poder da maconha alí..ahhh!
Ou talvez uma fase..minha mãe passou por várias.
Desde tocar seriamente o seu piano, atravessando o mundo para Concertos à cuidar de seus cachorros Yorkshire no Alto da Boa Vista. Queria um canil e largou o piano.
Artistas são excentricos eu sei..vivi com eles e observava as loucuras tipo entrar em uma loja e comprar um carro para cada filho.Tipo..internar os filhos sendo o menor com 2 anos de idade com babá contratada na escola britanica de Teresópolis..um frio!
Tipo não me deixar entrar (proibir) em seu apartamento porque iria arruma-lo e ela adorava uma bagunça que só ela entendia.
Sim, ela amava o Japão, a Europa e o Texas.Foi anos jurada do Concurso Van Claiburn. Nos ensinou o amor a viagens, a musica classica e a linguas estrangeiras.Em casa muitas vezes conversava em frances ou italiano. Era muito agradavel como pessoa mas mãe ausente..por seu trabalho, coisas que crianças nem sempre entendem.Como pianista e concertista era o máximo; assisti no Theatro Municipal um lindo concerto com orquestra em que ela foi ovacionada em pé! foi bárbaro.
Parece que voce mora em Saquarema;acho essa terra linda mas não nos trouxe sorte. Foi aí que mamãe, Marcia e Tony faleceram..eu resisto o máximo em ir.
Obrigada por seu Blog...acho que ela ficaria muito contente em ler!
Mil desculpas pelo portugues mas foi uma das suas excentricidades, nos mudava de escola diversas vezes e em paises diferentes..claro!
Abraços

Constança T.

Com certeza..pode divulgar o que achar necessário e te divirta.
Ahh lembrei que minha verdadeira avó, mãe da mamãe se chamava Paola era tbm Viggiano, Medici e Boufremont ..não sei em que ordem e se antes ou depois dos casamentos.. a linhagem é tão complicada e longa..começam na Sicilia no ano 900 e pouco, passam pela França, Belgica, etc.
Me lembro que (escutei) largou o marido para fugir com o Rubinstein..imagina que escandalo?? Considerada uma louca por fazer isso.Ele era um Zé Ninguem..polones sem futuro..
Casada e fugindo grávida de outro?????? Pois é..e tinha que vir para o Brasil rsrsrs tantos outros locais ótimos no mundo.
Soube que no fim da vida estava vivendo com dificuldades em Paris, e trabalhou anos com Madame Grés.
Eu pessoalmente adoraria te-la conhecido..tinha coragem e determinação a avó princesa.Deve ter sofrido em deixar sua filhinha com estranhos. Parece que tentou pegar mamãe de volta e não entregaram. Um drama.
As fotos da mamãe em pequena são engraçadas pq ela alí loirissima e toda linda no meio de um casal italiano de cabelos negros. A vovó Mimma era uma "carrrasca"..
As vezes tenho vontade de pesquisar em Florença sobre a familia, conhecer uns primos, casa, etc. Na Belgica ela ia..a Chimay
( Principado) visitar seus primos.
Posso mostrar muitas fotos no Orkut ou FaceBook caso vc tenha me adicione.
Mudando de assunto..
Minas é um paraíso, costumo dizer que alí tenho sido educada.
A maneira e jeitinho que vcs falam são diferentes.
Diplomatas natos...minha fazendola fica em Bocaina de Minas, conhece? Ah e as montanhas, ar e agua???
Sem falar na delicadeza e acolhimento do povo mineiro.
Tenho um amigo que ama Saquarema..se chama Mauro Pontes, cozinha divinamente além de ser agradabilíssimo...Conhece?
Está sempre por aí..com a irmã.
Abraços
P.S: Não..nunca me divorciei na Inglaterra infelismente rsrsr e nunca tiveram o "bom tom " em me deixar viúva (aqui mesmo no Brasil..Vara de Familia) ...ahhhhhhhhhhhh eu seria uma viuva alegre! kkkk