CIDA DONATO

Latufamado,

daqui da terra onde dizem existir o por de sol mais lindo do Brasil leio o seu e-mail sobre aposentadoria. Creio que um professor como você não se aposenta nunca, no sentido original desse termo no Brasil: o de encostar-se nos aposentos do rei para gozar de mordomias e ser sustentado.

Um PROFESSOR como você, que faz a diferença na vida de cada aluno que passa pelo seu curso, não se aposenta jamais, ao contrário, faz valer o que é seu por direito: o tempo para si e para as suas meditações, livre de ter que cumprir horas de trabalho. Um PROFESSOR como você não se aposenta porque jamais deixa de ser professor. Porque ser professor não é só estar no ambiente acadêmico durante a sua jornada de trabalho. Ser PROFESSOR, como você, é estar vivo e atuante em cada aluno seu. Como está agora aqui comigo. Falo de você o tempo todo, e até pareço uma menina que não quer deixar o aconchego e a segurança da casa do pai.

Sinto a sua falta e busco em cada coisa que ouço a proximidade com as coisas que você me fala: isto num esforço enorme para que este universo diferente no qual estou agora faça algum sentido; para que possua um mínimo de proximidade com as coisas que me ensinou e que hoje me constituem enquanto pesquisadora.

Como um bom leitor e instrutor, seguiu o conselho da auto-escola e teve paciência comigo: hoje sou capaz de dirigir pela minha estrada com segurança, pois sou convicta que não poderia ter tido melhor professor. O que me ensina e orienta, sabe muito bem, sigo à risca, pois confio plenamente no seu estatuto.

Estou com saudades.

Um grande beijo!
CidocAprendiz