quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

DEVASTED LAND

Aqui, no meu bairro, que tem um lindo nome - Porto da Roça -, havia, bem perto desta casa, que ostenta uma placa "Casa del poeta Latuf", trazida de Granada, na Espanha, por meus amicíssimos Roseana Murray e Juan Arias, um terreno cheio de úberes mangueiras. A cada vez que eu passava por aquelas bandas, contemplava, absorto, as árvores, que vieram da Índia e se aclimataram totalmente ao solo brasileiro, "onde em se plantando tudo dá", como diz a profecia de Pero Vaz de Caminha, o primeiro escriba do Brasil. Recentemente, o terreno foi vendido e a primeira atitude que o novo proprietário tomou foi derrubar aquelas seculares mangueiras. Não contente com a assassina depredação, ele, o desumano, botou fogo na terra. Quando revejo o ex-bosque de mangueiras, quase choro e me lembro de uma bela crônica do Walmir Ayala, deplorando a derrubada de uma palmeira, que existia em frente à sua casa colonial, na Vila; no lugar da árvore assassinada, seria construído um edifício.
De todo aquele mangueiral, restam as mangueiras frondosíssimas da casa em frente; certamente, além de vizinhas, eram parentes, que sossobraram para contar a trágica história. O lote incinerado me parece um campo de concentração, onde jazem mangueiras, outrora maravilhosas. Outrora...

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