terça-feira, 19 de janeiro de 2010

SAQUAREMAS

Todas as pinturas de Saquarema - as que faz o Nelsinho, por exemplo - são azuis, azuis, azuis. Todas as fotografias de Saquarema - as de Gil, por exemplo - são azulíssimas. É como se o azul de Yves Klein inundasse essa paisagem de paz. É como se o "Azur" de Mallarmé aqui encontrasse sua melhor tradução. Meu próprio livro de poemas - "Águas de Saquarema" - tem uma capa azul, feita por Lia Caldas, filha da editora Dulce Tupy. Eu poderia parafrasear a canção francesa, que entoa: "Bleu, bleu, Saquarema est bleue. Bleu est le ciel, couleur de sa mer".
Mas as fotos do álbum de casamento de Guga,filho de Roseana Murray, e de Patrícia, sobrinha de Juan Arias, não são azuis: lá, Saquarema é sépia. É como se fora uma outra cidade. Parece Veneza. Está envolta num manto dourado. Vejo uma Saquarema de sonhos. Descubro uma Saquarema provinda do inconsciente. Surgindo do mais profundo de suas águas, Saquarema está sonâmbula, misteriosa, com véus orientais. Nem de longe, nem num horizonte perdido, há um azul sequer. É uma cidade de outras eras. Arcaica.
Terá ele, o fotógrafo espanhol, redescoberto, como nas navegações do século XVI, uma outra Saquarema, sempre escondida dos olhares mais perscrutadores? Terá ele reinventado uma cidade, cantada em prosa e verso azuis? Que lente mágica terá ele usado?
Acho que ele, o fotógrafo que veio de Espanha, sonhou e fotografou seu sonho.

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