HISTÓRIAS & MISTÉRIOS DE LULI OSWALD
Foi através de meu filho Otavinho que conheci, há mais de duas décadas, Luli Oswald, ou melhor, conheci-a por meio de sua filha Márcia, muito amiga de meu filho. As notícias sobre aquela senhora chegaram-me cheias de aura: meu filho mas contava como se falasse de um ser extraordinário. Luli Oswald amava imensamente Saquarema, que freqüentava até para dar assistência à sua filha, que, segundo diziam, quando casada com poderoso industrial de Turim, , sofrera grave acidente automobilístico na Itália.
Em Saquarema, cidade-berço de pescadores e surfistas, situada na Região dos Lagos, no Estado do Rio de Janeiro, as pessoas são, ao mesmo tempo, anônimas e comuns. Com o tempo, a gente vai conhecendo pessoas incrivelmente interessantes que, na rua, são “como um qualquer”, como dizia, com sua proverbial sabedoria , minha mineira mãe. Vem-me, agora, à mente a figura maravilhosa de José Maria Delgado Tubino, diplomata que, depois de reintegrado em suas funções, tendo amargado um exílio, veio morar aqui, em uma casa, construída com troncos de árvores. Para mim, ele era a pessoa mais erudita que jamais conhecera; então, tornei-me, há dois anos, amigo de outro “anônimo” saquaremense, Juan Arias, que tem uma erudição verdadeiramente enciclopédica.
Como tantos, Luli Oswald passou, anonimamente, por Saquarema, onde desfilava sua postura nobre: era uma figura alta, altiva, com longos cabelos lisos, amarrados em um rabo-de-cavalo; ela olhava para um horizonte, talvez perdido. Sempre que a vislumbrava, eu corria a seu encontro, ouvindo-a falar de música, de sua música, de sua vida musical. Contou-me, por exemplo, de seus concertos no Japão, onde ganhara um piano Yamaha, mas que não pudera trazer ao Brasil por causa dos impostos; ainda sobre o Japão, relatou-me que lá, na terra do sol nascente, os anfitriões convidam os convivas para um banho coletivo, convite que ela recusava sempre, alegando que sua religião não permitia esse tipo de promiscuidade. Se tinha alguma religião, essa era, absolutamente, a música. Soube, também, por ela, que era muito amiga de Nelson Freire e que tinha adorado o filme sobre esse famoso pianista mineiro. Admirei-a ainda mais, pois, como artista, jamais deixava de festejar o talento alheio, coisa rara. Tinha especial orgulho em falar de seus concertos na Universidade Federal de Viçosa-MG, considerada a terceira melhor universidade pública do Brasil e a mais renomada universidade de agronomia da América Latina. Lá, ela era tratada como uma verdadeira celebridade. Luli era discretíssima e o que soube a seu respeito, ouviu-o da boca do povo saquaremense, que narrava como um conto de fadas. Com efeito, diziam que ela era uma princesa, filha do celebérrimo pianista polonês Arthur Rubinstein (1887-1982). Seria Luli filha de Henrique Oswald, nascido no Rio de Janeiro em 1852, onde morreu em 1931, festejado pianista, compositor, concertista e diplomata brasileiro, filho do suíço Jean Jacques Oschwald (que, ao naturalizar-se brasileiro, mudou o sobrenome para Oswald) e de Carlota Cantagalli, de origem italiana? Como auréola de uma santa, muitos insondáveis mistérios giram em torno de Luli. Jamais quis saber de suas origens verdadeiras, pois o que me interessava era sua arte da música e sua arte de viver singelamente, passeando, como uma Sílfide, por nossa Saquarema comum.
Incentivado pela saudade e querendo escrever sobre ela, fui entrevistar alguns amigos, que conheceram muito de perto a Luli e deles escutei as mesmas histórias que conhecia, porém com um tom diferente. Soube que ela fora entrevistada, várias vezes, no programa Jô Soares, da TV Globo, onde tocara piano. De sua origem misteriosa e mítica, deram-me conta de que certa princesa européia se havia engravidado de um plebeu, tendo que fugir em um navio para a América do Sul. Nasceu, em águas internacionais, uma menina, que foi criada por Henrique Oswald, donde o sobrenome da Luli. Sua filha Márcia, que fora modelo de passarela na Itália (lembrei-me, então, das fotos dela, que eu vira e que me faziam pensar em Brigitte Bardot, em seus gloriosíssimos dias), ter-se-ia casado com um piloto da “Fórmula 1”; já o acidente automobilístico que a deixou muito prejudicada acontecera na própria Região dos Lagos, e não na Itália. Pesquisando, ainda mais sobre minha amiga Luli, fui ter com a ex-babá da Márcia, primogênita entre vários irmãos. Disse-me ela que D. Luli morava numa casa na Rua Lopes Quintas, no Jardim Botânico, bairro muito chique do Rio de Janeiro; seu pai chamava-se Marquesini, sua mãe, Dona Mima, e seu marido, Eurico Teixeira de Freitas, era proprietário de várias terras em Saquarema, jogava golfe e cuidava de cavalos. Segundo essa adorável senhora, D. Luli tratava muitíssimo bem a criadagem.
De outro amigo, meu e da Luli, fiquei a par de que, no Japão, ela dera aulas de piano a crianças de 2 a 4 anos, tendo sido agraciada pelo Governo daquele país. Quando de seu falecimento, descobriu-se, porque lavrou seguro a favor de Márcia, seu verdadeiro nome: Margarida Marquesini Teixeira de Freitas. Se, de acordo com esse amigo jornalista, era filha de Arthur Rubinstein, sua mãe deve ter sido Carmen di Viaggino.
Outra história, essa misteriosíssima, a respeito da Luli, dava conta de que ela fora abduzida por ET’s, que a deixavam passar o fim-de-semana em nossas praias; essa história fantástica era contada com ares secretos e a boca pequena, ou, no jargão da música, a bocca chiusa. Ninguém duvidava, tampouco acreditava, mas havia comentários, como ocorre nos mitos, que nos fascinam. De acordo com alguns, ela embarcara, rumo a Vênus, na nave espacial, a partir da ponte de Saquarema; na versão de outros, zarpara de Jaconé, bairro saquaremense. Sua filha jamais mencionou o que fosse, nem com relação a esses fabulosos fatos nem quanto à origem nobre de sua mãe. Quando Luli era entrevistada e se apresentava, como concertista, na Rádio MEC, aí, sim, havia certa comoção por aqui, a gente se telefonando e avisando que os dedos mágicos de Luli brindar-nos-iam com a arte divina. Acredito que apenas uma vez ela apresentou, há uns três anos, um concerto aqui, em Saquarema, no Teatro Municipal Mário Lago, quando tive a subida honra de ser o arauto. Eis o repertório por ela mesma escolhido: Vivaldi: “Maestoso e Ária”; Gluck: “Melodia”; Scarlatti: “Pequena Sonata”; Bach: duas valsas”; Chopin: “ Romance”, “Prelúdios”, “Noturno”; Debussy: “Prelúdio”; Henrique Oswald: “Sonhando”; Villa-Lobos: “ Ginette do Pierozinho”; Francisco Braga: “ Ingenuidade”; Alexander Seriabine: “ Prélude”; Prokofieff: “Marcha do amor das três laranjas”. Como fui o apresentador do espetáculo, tenho, zelosamente, comigo o manuscrito desse variado repertório. O público, que locupletava o teatro, aplaudia-a fervorosamente. Ela apenas sorria, exibindo aquele inesquecível sorriso num rosto cheio de paz. O piano não fazia jus ao talento da musicista, mas, mesmo assim, tirando leite de pedra, ou melhor, tirando a melhor música de um instrumento que não estava à altura de sua arte, Luli Oswald a todos emocionou. Parecia que ela se despedia en beauté. Algum tempo depois, soube, na rua, por uma amiga comum, que Luli morrera no Hospital Municipal de Saquarema. Sem glórias, sem aplausos, sem fanfarras. Como uma pessoa qualquer saquaremense, ela, concertista internacional, filha, talvez, do maior pianista do século XX, e , quem sabe, de uma princesa européia, passava a outras dimensões, que, creio eu, ela bem conhecia. Ela partia, definitivamente, mas deixava, em nossas Saquarema, uma partitura de 1001 histórias, executadas por anônimos.
Com relação à experiência por que Luli Oswald, sendo abduzida, passou, recebi, dia 13 de fevereiro deste ano da Graça de 2009, justamente quando se inaugurava a Era de Aquário, um telefonema de São Paulo, onde um senhor, até então anônimo para mim, declarava ter me achado na edição virtual do jornal Poiésis, onde eu fazia rápida menção a Luli Oswald; ele, Mário Rangel, ufólogo, com trabalhos publicados, inclusive nos Estados Unidos, queria saber mais sobre a abdução da musicista carioca-saquaremense. Confirmou-me ele que há grande interesse, por parte da Ufologia universal, no caso de Luli Oswald, que, por exemplo, não podia ver o desenho de um ET, pois ficava terrivelmente transtornada. Em nossos contatos imediatos por Internet, escrevi ao ufólogo que, a respeito da Luli, apenas conhecia histórias, talvez fantásticas, e enredos, certamente sublimes, ligados à música, sem me inteirar da questão de transporte para outras dimensões. Prometi-lhe, outrossim, elaborar uma crônica sobre Luli Oswald a fim de que sua imagem e memória ficassem fixas nas ondas perpétuas de nossa Saquarema mágica.
Latuf Isaias Mucci: Pós-doutor em Letras Clássicas e Vernáculas/USP; doutor em Poética/UFRJ; mestre em Teoria Literária/UFRJ; mestre em Ciências Sociais (Université Catholique de Louvain, Bélgica). Professor dos Programas de Pós-Graduação em Letras e em Ciência da Arte/UFF. Ensaísta, poeta, tradutor e crítico de arte.
proflatuf@saquarema.com.br
proflatuf@uol.com.br
quarta-feira, 29 de abril de 2009
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Bom....algumas estorias não são tãoo verdadeiras assim!
ResponderExcluirEnvio e-mail com foto.
Obrigada porque sei que minha mãe ficaria contente com o que escreveu.
abraços
constança
Sempre fui muito curioso em relação à Luli Oswald e só tomei conhecimento de que ela residia em Saquarema após a sua morte.
ResponderExcluirMudei-me para cá em Janeiro deste ano. No entardecer do dia 05/11/009, tive a oportunidade (ou será felicidade ?) de fotografar dois "OVNIs" nas imediações da praia de Barra Nova (Saquarema,RJ). Imediatamente, me veio à lembrança de Luli Oswald, que teria sido abduzida entre Jaconé e Saquarema.
Procurei na internet informações sobre ela, mas encontrei muito pouca coisa.
Apreciei a sua crônica e gradeço por sua colaboração em relação à minha curiosidade em relação a tão controvertido e fascinante personagem.
Carlos Medeiros
Sou neta de Henrique Oswald e prima de Luli, de quem fui muito amiga. Sempre soube de toda a sua vida, pois ela fazia questão de me contar.
ResponderExcluirLuli teve seis filhos: duas mulheres e quatro rapazes. Teve grande talento musical, mas infelizmente, não alcançou a fama que merecia pelo sue talento.
Eu soube do caso com os ET´s logo na mesma semana, porque ela fazia questão de me contar e de que eu acreditasse. Ela contou-me que voltava de Saquarema com um rapaz, amigo de seus filhos, quando viu figuras estranhas saindo da lagoa. O carro pareceu enguiçado e acabou parando. Aí, ela teve a experiência de conhecer de perto um ET. Foi levada ela não sabia p onde, e o rapaz que a acompanhava também foi levado desacordado pelo ET. Lá ela acompanhou todas as experiências que fizeram com ele, inclusive tirarem todo o seu sangue e injetarem novamente. Depois foram levados de volta ao seu carro na estrada. Ela não sabia o que tinha acontecido, mas sim que a experiência durara algumas horas. Quando ela retornou percebeu que o carro estava sem gasolina e ao colocar num posto conhecido a mesma, notou que haviam se passado muitas horas desde que saíra de sua casa.
O rapaz que a acompanhava ficou muitíssimo traumatizado, não quis retornar à sua casa e dormiu aquela noite na casa de Luli. No dia seguinte seu pai, ciente por Luli de tudo quanto acontecera pediu-lhe que não contasse aquilo a ninguém, porque o rapaz ficava nervoso só de ouvir o relato.
Depois disso Luli teve, segundo ela, várias vezes com os ET´s e passou a se interessar pelo caso. Eu me lembro dela contar que encontrara um deles, com aspecto humano, num shopping e que depois daquilo a vida dela se modificara. Ela acreditava piamente, inclusive passou a se interessar muito pelo que se falava deles. Contatos ulteriores Luli teve sempre, segundo ela, com eles.
Naquela ocasião ela não fazia segredo e gostava de relatar sua experiência. Ouvi sempre com muito respeito tudo que ela dizia, Não sei se era verdade ou não, embora eu ache que a maneira com que ela falava não podia ser mentira. Quando eu perguntava: você ainda tem visto ET´s? ela dizia que sim.
Eu só soube da sua morte meses depois. Senti muito. Foi das criaturas que eu conheci talvez a mais interessante.
Maria Isabel Oswald Monteiro
Meu nome é Wanderley Penna, sou pesquisador de eventos insólitos há mais de cinquenta anos, fui coordenador de um grupo avançado de ufologia denominado GOPU -Grupo Operacional de Pesquisas Ufológicas. Era um grupo que trazia em seus participantes a vontade ferrenha de pesquisar essas anomalias e que era composto por indivíduos de grande capacidade intelectual e caráter forte, entre eles minha querida Luli, que por inúmeras vezes esteve presente em pesquisas de campo que integravam nossos projetos.Antes de se interessar e participar de nosso grupo contava sempre sua história que a guardo lucidamente nos mínimos pormenores em minha mente. Nossas pesquisas , e ainda continuam,tiveram elementos de profunda grandeza - entre eles , evidentemente ,a Luli. Aurélio Zaluar, Antonio Celente Videira, Roberto Santos, Edla, Irene Granki e tantos outros passaram noites e noites em vigília em nossos campos operacionais. Presenciamos muitas coisas, impossíveis de serem relatadas aqui. Fui o primeiro cientista a fazer oficialmente uma palestra sobre o assunto na Academia Aérea da Fôrça Aérea em Pirassununga, para seus cadetes e oficialato, isso em 1986. Nossos projetos se encontram no Estado do Rio em sua parte Norte e Noroeste onde existem rotas orteotonicas, me reservo não comentar mais a respeito.Atualmente estudo e desenvolvo o Projeto Blackbird que consiste em sua fase alpha fotografar o que os olhos comuns dos humanos não enxergam, a visão humana não atinge o espectograma do eletromagnetismo, e com determinada formula tenho conseguido vislumbrar ovnis, RODs, EBANIS e outros incríveis e fantásticos eventos até então inesplicáveis pela física tradicional, onde são contrariadas os parâmetros das leis da ação, reação,contração, propulsão, frenagem e aerodinâmica. O tempo aqui é exíguo, se quiserem maiores informes entrem em contato comigo. wanderpenn@hotmail.com ou wanderley.penna@anfip.org.br Tel.: 021 21 82715064. Dr. Wanderley Penna, Advogado, Físico Núclear, Metafísico, Parapsicólogo, Conferencista sobre a matéria em vários países e introdutor da cosmoconsciência, é alto funcionário de carreira do governo federal. Que a SUPREMA ENERGIA acompanhe sempre minha amiga Luli Oswald, que até então, não sabia de sua partida para outras esferas, era uma figura impar, maravilhosa e cândida.
ResponderExcluirserá que em espírito ela era um deles? Os Acartianos do livro do Artur Berlet também mostra que se passam por nós tranquilamente, e vice-versa. Povo estilo Ashtar Sheran creio eu. Faltou ela fazer um livro e seções de regressão para enriquecer com detalhes. Caso ela queira anonimato, que fosse publicado após sua morte. Eu faria isso pelo menos.
ResponderExcluir