quarta-feira, 15 de abril de 2009

RITUAL PRAIANO SAQUAREMENSE

Neste glorioso verão, que acaba de acabar, dando lugar a um magnífico outono, inaugurei um hábito, que venho cultivando: a cada fim-de-semana, vou, às oito horas, buscar o Rafael para irmos à praia de Itaúna. Antes de sentarmo-nos a uma mesa, na areia, bem frente ao mar, revolto e azul-turquesa, travando conversações poético-filosóficas, visitamos meu querido amigo Marinho, proprietário da loja de antiqüidades, intitulada "Na puta velha". Ao chegar aos portões, anuncio-nos: "Chopin e Baudelaire!" Naquela belíssima casa, Rafael põe-se ao piano, tocando, entre outros, Débussy, Chopin, Beethoven, Albinoni... Enquanto o som do piano faz contraponto à música do mar, vou lendo, gostosamente, em voz alta, os poemas eroticíssimos do jornalista AG Marinho, que serão, em breve, publicados por uma editora portuguesa. Outro dia, gozávamos essa tertúlia marítima, quando, de repente, um beija-flor varou, como uma flecha colorida, os salões, indo mirar-se num espelho de cristal francês bisotê. Narciso tropical, a avezinha cantava, cantava, cantava para si mesma, conferindo à música clássica, à música da poesia e à música do mar uma beleza mais que sublime.

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