sábado, 9 de maio de 2009

Augusto Boal - A Alma do Teatro, o Teatro na Alma

“Atores somos todos nós, e cidadãonão é aquele que vive em sociedade:é aquele que a transforma”.Augusto Boal (In Memoriam)Escolhido pela ONU-Organizaçã o das Nações Unidas como O EmbaixadorMundial do Teatro; indicado ao Prêmio Nobel da Paz pelo projeto deTeatro como Inclusão Humana, torturado nos bastidores da Canalha de 64(ditadura militar incompetente, corrupta, violenta e senil), tendo quese exilar, viveu na Argentina, em Portugal e Paris, sempre trabalhando ainclusão cidadã na arte cênica, partindo do pressuposto de que todos oshumanos são atores; todos devem sair da opressão da máquina social asvezes pouco ética e muitas vezes mesmo insana, visando buscarem assim alibertação que há na arte de representar propriamente dita. Um mito domelhor do teatro popular brasileiro, Augusto Boal nascido carioca,acabou, promovendo o Brasil, tornando-se por isso também um cidadão domundo de quilate, baluarte dos oprimidos de todas as terras eurbanidades, ele mesmo bandeira dos excluídos sociais, postulando pelainclusão via arte cênica. Quer mais?“Inventar outro mundo é possível”, disse Augusto Boal em Lisboa,completando: -“A invenção de outro mundo é possível, construído pelasmãos de todos em cena, no palco e na vida". Este era o desafio dodramaturgo brasileiro Augusto Boal na mensagem internacional queassinala o Dia Mundial do Teatro, completando, ainda: "Temos a obrigaçãode inventar outro mundo porque sabemos que outro mundo é possível. Mascabe a nós construí-lo com nossas mãos entrando em cena, no palco e navida" – Esse é o mote deixado pelo ensaísta e diretor de teatrobrasileiro, fundador do Teatro do Oprimido e que especialistasconsideram uma das grandes figuras do teatro moderno contemporâneo.Olhando o mundo "Além das aparências, vemos opressores e oprimidos emtodas as sociedades, etnias, classes e castas; vemos o mundo injusto ecruel" disse ele, e concluiu: porque, afinal, de uma forma ou de outra,"Somos todos atores”.Augusto Boal morreu na madrugada de sábado de 02 de maio de 2009, no Riode Janeiro. Ele sofria de leucemia e estava internado na CTI do HospitalSamaritano. Augusto Boal também era ensaísta e teórico do teatro,ganhando destaque nos anos 1960 e 1970 quando esteve à frente do Teatrode Arena de São Paulo, quando fundou o Teatro do Oprimido, pelo qual foiinternacionalmente reconhecido por aliar arte dramática à ação social.Augusto Boal chegou a se formar em Química pela Universidade Federal doRio de Janeiro (UFRJ) em 1950, mas viajou em seguida para os EstadosUnidos, onde estudou artes cênicas na Universidade de Columbia. De voltaao Brasil, sua primeira peça como diretor do Arena foi “Ratos e Homens”,de John Steinbeck, que lhe rendeu o prêmio de revelação da APCA(Associação Paulista dos Críticos de Arte). Dirigiu ainda, entre outraspeças, “Eles Não Usam Black-Tie” de Gianfrancesco Guarnieri, e“Chapetuba Futebol Clube” de Oduvaldo Vianna Filho. Foi o diretor doespetáculo “Opinião”, com Zé Ketti, João do Vale, Maria Bethânia edepois Nara Leão, que passou para a história como um ato de resistênciaao golpe militar de 1964.O Teatro do Oprimido provou ser importante ferramenta para aconscientizaçã o de todos que o praticam. Essa era a ambição de AugustoBoal: que todos os seres humanos, sejam quais forem suas profissões,gêneros, etnias ou condições sociais, instrumentalizando conscientementeo teatro e todas as artes que trazem em si, para que se pudessemalcançar os princípios da Declaração Universal dos Direitos Humanos:“Que a Liberdade, a Justiça e a Paz tenham por base o reconhecimento dadignidade intrínseca e dos direitos iguais e inalienáveis de todos osmembros da família humana(...)”. Augusto Pinto Boal nasceu em 16 de março de 1931, na Penha, bairro dazona Norte do Rio. Suas técnicas e práticas foram espalhadas pelo mundointeiro, principalmente nas três últimas décadas do século XX. Foramusadas não só por aqueles que entendem o teatro como instrumento deemancipação política, mas, e principalmente também nas áreas deeducação, saúde mental e no próprio sistema prisional, tal a qualidadesócio-inclusiva das mesmas. Suas teorias sobre o teatro são estudadasaté hoje nas principais escolas de teatro do mundo. O jornal inglês TheGuardian, por exemplo, escreveu que "Boal reinventou o teatro político eé uma figura internacional tão importante quanto Brecht ouStanislavski" .“O Ser Humano é Teatro”, dizia Augusto Boal. Teatro, Dança, Música,Circo, Balé, Literatura, Voz Populi, humanagente, pois. O Teatro devanguarda de Augusto Boal incomodava, tocava no cerne de questõesético-humanistas (humanitárias) , sendo ele um porta-voz da liberdade decriação, da liberdade que é inerente ao ser humano em pleno exercício decidadania exercitada ao extremo. Sim, Augusto Boal era a alma do teatro.E o teatro era a alma dele. No palco da vida deixou seu brilho, e como oshow tem sempre que continuar, ela ainda será cantado em verso e prosapor esse mundão da nova desordem econômica sub-humana, bem ao jeito deuma espécie assim de Brecht moreno-tropical.Bravo Boal!

Silas Correa Leite, Itararé, SPJornalista Comunitário, Ficcionista Premiado, Conselheiro em DireitosHumanos (SP)E-mail: poesilas@terra. com.brAutor de “O Homem Que Virou Cerveja”, Livro de Crônicas Hilárias de UmPoeta Boêmio, Prêmio Valdeck Almeida de Jesus, Salvador, Bahia, noprelo, Giz EditorialBlogue: www.portas-lapsos. zip.net <http://www.portas- lapsos.zip. net/> (Um dos dez melhores blogs do UOL em 2008)

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