domingo, 10 de maio de 2009

Para sempre, Carlos Drummond de Andrade

Por que Deus permite
que as mães vão-se embora?
Mãe não tem limite,
é tempo sem hora,
luz que não apagaquando sopra o vento
e chuva desaba,veludo escondido
na pele enrugada,
água pura, ar puro,
puro pensamento.
Morrer acontece
com o que é breve e passa
sem deixar vestígio.
Mãe, na sua graça,
é eternidade.
Por que Deus se lembra- mistério profundo -
de tirá-la um dia?
Fosse eu Rei do Mundo,
baixava uma lei:
Mãe não morre nunca,
mãe ficará sempre
junto de seu filho
e ele, velho embora,
será pequenino
feito grão de milho.

PS Prestei prova para o Mestrado em Teoria Literária, na UFRJ, dia 17 de agosto de 1987, precisamente quando Drummond ia para o céu ter com sua mãe. Pude, então, na prova escrita, que versava nem mais me lembro sobre o quê, parafrasear nosso Poeta maior e escrever: Fosse eu Rei do Mundo/ baixava uma lei:/ Poeta não morre nunca".

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