Aquarius
Finalmente, no sábado passado, a lua entrou na sétima casa e júpiter se alinhou com marte. Estamos em plena era de aquário. Agora é só esperar que a paz sirva de guia aos planetas e o amor oriente as estrelas. Pois era isto o que nos prometia a já antiga canção, a mais bonita e emocionante de Hair, o musical que conquistou corações e mentes em todo o mundo.
Eram promessas feitas por uma geração que vivia a guerra do Vietnam e as ditaduras sul-americanas. Estreando nos Estados Unidos em 1967, onde teve 1918 apresentações, Hair foi recebido a mão armada em outros países. Depois da primeira apresentação no México, a peça foi proibida pelo governo. Os atores, ameaçados de prisão, deixaram o país às pressas. Encenado no Brasil em plena vigência do AI 5, Hair estreou em São Paulo depois de uma dura negociação com os censores. As várias cenas de nudez foram reduzidas a uma única e rápida exposição em que os atores não podiam mexer um dedo. Também foram proibidos de dançar em cima de uma bandeira dos Estados Unidos, como se fazia na versão americana, tendo de se contentarem com um lençol branco.
Passaram-se mais de quarenta anos. É claro que os tempos são outros. A guerra do Iraque não manda tantos mortos para casa como a do Vietnam e as ditaduras do cone sul são coisas do passado. Talvez ainda nos seja permitido sonhar com um tempo de harmonia e compreensão. Um tempo abundante de simpatia e confiança. Tempo sem mentiras ou escárnios. Em que possamos sonhar com visões douradas e a revelação do místico cristal. Pois é isto o que nos promete a canção. Este é o espírito da verdadeira libertação.
A crer nos astros, estamos assistindo o advento da era de aquário. A crer nos antigos poetas, a paz guiará os planetas e o amor orientará as estrelas. Eu lembro dos meus cabelos longos e insisto em sonhar o velho sonho impossível.
Ronaldo Monte
Imagem obtida em: LIFE
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sábado, 14 de março de 2009
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