domingo, 29 de março de 2009

HOMENAGEM A LATUF

Foi com grande êxtase que, pela primeira vez, ouvi, maravilhado, pela boca do poeta Latuf, alguns versos verdadeiramente musicais de um magnífico livro de sua autoria: Águas de Saquarema. De fato, parece-me que quaisquer outros títulos não poderiam assentar melhor a este conjunto disperso de textos, visto que, em se buscando seu leitmotiv, isto é, o fio condutor dos temas obsessivamente nele tratados, encontra-se, não raro, uma série de imagens que definem, paradigmaticamente, a nossa belíssima cidade de Saquarema, tais como o mar, a lagoa (e os pescadores que dela retiram o seu sustento), a Igreja de Nossa Senhora de Nazaré etc.
Significativamente, as águas de Saquarema são o elemento capaz de despertar a Musa do poeta. Tal como os grandes vates da Antigüidade, ou como os clássicos, que buscavam (ambos) inspiração poética nos elementos da natureza - geralmente nas fontes de água doce. Recorde-se, por exemplo, o caso de Camões, que coteja as águas do rio Tejo com as da mitológica fonte de Hipocrene - ousaria dizer que o tecido poético da escritura de Latuf Isaias Mucci é forjado não só por duas, mas por quatro lindíssimas e preciosas mãos, isto é, as dele e as de sua Musa: a própria Téthys que, em um todo, compõe as célebres Águas de Saquarema.

Rafael Santana Gomes, professor da UERJ

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